sexta-feira, 9 de maio de 2014

Mer de Noms

Um mar de nomes
negro como a morte
branco como o leite
fiel ao homem,
gorgeia o deleite

Negro sol me chama
chama o meu nome
eu o encontro
À tarde ele me come
De dia ele me come
De noite ele some
E nunca acaba a fome
desse límpido monstro

Negro rio
Rio, me acabo
como um nababo, deixo-me levar
carregado corrente abaixo
tragado pelo mar
engolido pela retidão
expelido, despojado
negro, negro, é o oceano de chá
chamar o meu nome
chá? Mar de nomes
chama-me e serei teu
A chama que te consumiu
Achamos, que te consumimos
Mimos tragados, tragando pela garganta
preta, profunda, a têta fecunda

E o leite do mar
Se despeja sobre mim
Como um oceano de metáforas juvenis
inacabados, e o nababo
Se acaba, tragado pelo mar
É o círculo completo
rítmico, ereto
rijo, reto

E o leite se despeja
E a maré sobe
E o sol se queima
Arde
Arde nomes
Mar de Nomes