segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aniversário

Hoje é uma data muito especial!
Eu não estou, é claro, falando do Dia de Santa Valburga, e nem do Dia Pátrio do Kuwait, embora, eu tenho certeza, este seja um país muito legal.
Eu estou falando do aniversário de alguém. Tá, não alguém, algo.
Esse blog! Sim, esse blog. Hà 6 meses eu o estava começando. Eu tinha apenas ideias para uns 4 posts, entao achei que não ia durar muito.
Bom, 40 posts depois, nós sabemos no que deu isso.
Obrigado por todo o apoio que me deram nessa temporada e, principalmente, pelas 1300 visualizações!


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

É dada a largada para as eleições de 2014

O Brasil tem sempre essa história: Tem lei que pega, tem lei que não pega. Segundo as tais "leis", a campanha para as eleições presidenciais de 2014 deveria começar em algum ponto de, sei lá, 2014. 
A realidade é bem diferente. 
Só quem segue essas leis são os partidos nanicos que tem mais à perder se forem lutar contra uma ação gigante do Governo Federal. Já o PT e o PSDB, e na verdade todos os partidos que podem se apoiar em grandes números, não precisam seguir essa lei. Não dá pra interditar esses partidos, ou mesmo ganhar uma ação contra eles. Senão, vai ter gente na rua. O Brasileiro até que é despolitizado, mas não quando a sua subsistência depende de aparecer na rua com algumas bandeiras coloridas. Todos são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.
Toda essa introdução longa serve para constar que ontem, oficialmente, começou a corrida eleitoral de 2014. Porque? 
Ontem, tivemos o "ato oficial" em comemoração aos dez anos do PT no poder. Paralelamente, tivemos vários discursos na Câmara dos Deputados, dentre os quais se destacou o do líder não-oficial da oposição e provável candidato do PSDB, Aécio Neves.
Porque isso é importante? Esses discursos foram, antes de tudo, coroações. Lula falou em defesa de Dilma, o que não foi muito mais do que uma coroação da Presidente, e o sinal de que, talvez dessa vez, ele deixe tudo nas mãos dela. O ato do PT inteiro, por sua condenação constante dos anos FHC, tinha um sabor de "Isso tudo pode acontecer de novo". 
Já o de Aécio Neves, em plena visita de uma controversa dissidente cubana ao Brasil,serve para reiterar a visão que este grupelho possui do Brasil. É tudo uma grande jogada de marketing para sacudir as pessoas que votaram no PSDB nas últimas três eleições e dizer, "ei, nós ainda estamos aqui". Isso vai ser bem sucedido?
O mundo muda muito rápido hoje em dia, de modo que fica difícil fazer previsões até para 2014, mas se eu pudesse dar meus pitacos, diria que não. Ao que tudo indica, os tempos de Pibinho ficaram para trás, e o crescimento econômico em 2013 vai ser bem mais forte que em 2011 e 2012, e uma economia forte tradicionalmente ajuda a situação. Isso deve continuar em 2014, graças à indícios de que o consumo das famílias vai continuar crescendo, e já que, como meu saudoso pai diz, "Brasileiro comprista é pleonasmo", cartões de crédito fartos vão deixar todo mundo satisfeito. Isso para não falar nos grandes investimentos que serão feitos para a Copa e as Olimpíadas. Obras públicas também ganham eleição. Futebol, então...
Existem algumas chances do PSDB vuirar a mesa. São essas:
1) O Brasil perder a Copa. Vai ser fácil para o torcedor descarregar a sua frustração na Dilma, já que ela evidentemente será a técnica da Seleção.
2) O Brasil ganhar a Copa. Essa é mais estranha, mas se você notar, sempre que o Brasil ganha a Copa, a situação perde. Desde que os anos de eleição de Copa coincidem, isso acontece. 1994? O Brasil conquista o tetra, e o renegado FHC se lança debaixo do nariz de Itamar Franco, para tomar um catarro, perdão, o poder. Em 1998, o Brasil perdeu na final e FHC se reelegeu. Em 2002, Lula derrotou a situação mesmo com nossa vitória no Japão e na Coréia. E, desde então, o Brasil não leva uma, e ainda assim, o PT se reelege. Então, podem apostar: se o Brasil vencer em 2014, Dilma vai perder.
3) O PSDB lançar alguém que não seja José Serra. Sério, qual é a obsessão deles com esse cara? Eu acho que eles estão se pegando.
4) O PSDB lançar alguém que não seja o Aécio Neves. É triste, mas eu acho que o momento dele passou. Desde que foi pego na Lei Seca, ele não parece empolgar as pessoas como antes. Poucas pessoas derm importância ao discurso dele, e, quando você pretende se tornar o líder da oposição, e ninguém dá a mínima para o que você diz, você tem um trabalho duro pela frente.
5) A economia piorar muito. Mas, muito mesmo. Isso pode acontecer? Pode, da mesma forma que um unicórnio pode aparecer no meu quarto e eu posso estuprá-lo. E então eu posso ser preso, mas então eu posso dizer no tribunal que a Lei Maria da Penha não cobre abuso de animais fantásticos. Além do que, não foi um estupro legítimo.

Eu sou Franco Alencastro, transmitindo ao vivo de um Brasil em que todos já desistiram.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Catálogo das obras

Lista de Chamada

Em um sábado de chuva, sete adolescentes são obrigados à cumprir detenção em sua escola. Mas quando eles misteriosamente começam à morrer um à um, eles precisarão encarar as verdades desconfortáveis do passado de cada um- um passado sombrio que eles prefeririam esquecer.

Escrito entre 13 de Setembro de 2012 e 5 de Fevereiro de 2013; Publicado em forma serial entre 20 de Setembro de 2012 e 12 de Fevereiro de 2013. 

A história pode ser obtida em sua forma completa(isso é, sem as subdivisões em partes) sob demanda. Deixe um comentário no blog com o seu email que eu a enviarei para você.

É, eu sei, por enquanto é só uma, mas acreditem se quiserem: Esse catálogo vai crescer, breve, breve.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Lista de Chamada- Parte Final

(Um shot da janela onde a chuva continua caindo, com fade para: )
 
CENA 27/ INT. DELEGACIA, NOITE

(Uma mão aperta o botão de “gravar” de um daqueles gravadores de fita. Corte para o rosto do delegado, que está fumando um cigarro.)

DELEGADO
Bom, vamos passar essa história à limpo, sim? De preferência rápido.

(vemos então PATRÍCIA sentada do outro lado da mesa, a maquiagem e o delineador parcialmente derretidos pelo choro)

PATRÍCIA
(dá de ombros)
Eu acho que eu sei o que aconteceu.

DELEGADO
(rindo)
Ora, é por isso que você está aqui. Vamos, diga.

PATRÍCIA
Esse cara, Vítor, era um dos mais caçoados da escola desde sempre.

(Várias filmagens granuladas, amareladas e rápidas de VÍTOR sendo zoado de maneiras variadas. Pedala robinhos, pessoas roubando a sua mochila, levando surras explícitas de um valentão em cima dele, este filmado de baixo e ele próprio filmado de baixo com os dentes ensangüentados.)

PATRÍCIA
E então, ele quis vingança.

 (mostra-se então uma filmagem granulada e amarelada de VITÓRIA andando, de costas, e um taco acertando em sua cabeça. Corta para ela filmada de frente, caída no chão, amarrada com cordas e amordaçada enquanto VÍTOR aponta uma arma para sua cabeça. A câmera gira em 360 graus e mostra um ARMANDO choramingando desesperado. Enquanto isso tudo ocorre, ouvimos: )

PATRÍCIA
Então, ele fez o que qualquer pessoa insana faria: seqüestrou a irmã do único cara da escola que sabia fazer biscoitos, para que ele fizesse biscoitos envenenados e os distribuísse para todo mundo, para que eles morressem.

(Enquanto a última parte da frase é dita, vemos uma filmagem, também- surpresa- amarela e granulada, das mãos de ARMANDO misturando massa de biscoito em um pote, e derramando um líquido verde. A câmera vira e vemos o seu rosto sério enquanto ele faz o processo. A câmera vai ligeiramente para o lado e vemos uma arma em sua têmpora)

PATRÍCIA
Mas ele não conseguiu, então agora eu estou aqui, contando essa história. Posso ir agora? Meu amigo está na CTI. Ele pode nem estar mais vivo, então eu queria poder estar lá.

(Ela sai da sala do interrogatório. O DELEGADO está na porta. Acende mais um cigarro e olha pro vazio)

DELEGADO
Garota estranha.

CENA 28/ INT. CTI

(Vemos a cama de CAIO por um ângulo reto, a câmera no nível da cama. Zoom em direção à cama. Vemos PATRÍCIA chegando e se ajoelhando do lado da cama.)

PATRÍCIA
Oi.

CAIO
(com um sorriso fraco)
Oi.

PATRÍCIA
E então, vai viver?

CAIO
Temo que sim.

PATRÍCIA
Que pena. (sorri)

CAIO
Desculpa se eu não sorrio muito. É a morfina.

PATRÍCIA
É, eu sei, eu tinha vício. Por isso não sorria muito.

CAIO
Sério?

PATRÍCIA
Não. As pessoas realmente acreditam em qualquer boato que contam sobre mim, não é?

CAIO
Talvez não só você.

PATRÍCIA
(respira fundo)
Ainda não acredito que isso poderia ter acontecido comigo.

CAIO
O que?

PATRÍCIA
(faz cara de arrependida e evita olhar direto para CAIO)
Eu saí com o Vítor. Nada de mais, foram só duas semanas até ele começar à sair com a Vitória.

CAIO
Vítor estava saindo com a Vitória?

PATRÍCIA
É, daí ele seqüestrou ela.

CENA 29/ INT. ESTACIONAMENTO
(Vemos a polícia pegando um daqueles aríetes para arrombar a porta do estacionamento. Corta então para a polícia entrando por várias portas. Filmagem de cima da polícia preenchendo o estacionamento. Corta para os policiais na frente do armário vermelho onde estava o corpo de VITÓRIA, agora fechado. Eles formam um círculo ao redor, um policial vai até a frente e força a porta com um pé de cabra. Vemos então que o armário está vazio)

CENA 30/ INT. CTI

CAIO
Mas o que isso quer dizer?

PATRÍCIA
Bom, em teoria, ele poderia ter me seqüestrado. É verdade que eu não tenho um irmão que cozinha nem nada mas...

CAIO
(tentando se levantar, e então sentindo-se fraco)
Espera. Uma coisa me ocorreu. O Vítor estava na sala de aula o tempo todo. Ainda não sabemos quem matou o Armando.

(Enquanto isso, do lado de fora da CTI, vemos as pernas de uma mulher andando em direção à um banco onde BOLA está sentado. Corta para BOLA olhando para o lado, e então para VITÓRIA sentando ao seu lado no banco, segurando um buquê de flores, os dois filmados de frente)

BOLA
Vitória, que bom que você está bem.

VITÓRIA
(séria)
É verdade. Que bom que estou bem. E você também. Infelizmente, o mundo não pára, e eu tenho muitas coisas pra fazer. Você pode dar esse buquê para o seu amigo...

BOLA
Caio?

VITÓRIA
Caio, isso. (Ela entrega o buquê.) E transmita o meu desejo de melhoras para ele. Até mais.

(Vemos então VITÓRIA se levantando do banco através do vidro da CTI, e o rosto de CAIO soltando um grito inaudível. Cortamos de volta para o rosto de VITÓRIA, que exibe um sorriso malicioso. Fora da CTI, VITÓRIA começa à andar rumo ao elevador. Dentro, CAIO tenta se desprender do soro e dos outros tubos, e se livra das cobertas, tentando se levantar, sob protesto de PATRÍCIA. Alternamos entre essas duas cenas, eventualmente cortando para uma terceira. BOLA finalmente entende o que está acontecendo; ele se levanta, e vemos o buquê caindo no chão em câmera lenta; na verdade, a cena inteira está em câmera lenta. Esses shots rápidos em câmera lenta se alternam com o discurso de VITÓRIA, que começamos à ouvir no primeiro momento que a vemos andando em direção ao elevador, em um shot frontal.)

VITÓRIA (V.O.)
É estranho o impacto que você pode ter sobre o mundo quando você tem aliados. Eu, como uma pessoa que nunca teve amigos, sei mais que ninguém até onde você pode ir com as alianças certas, e o quão rápido pode fracassar se ninguém estiver ao seu lado. Felizmente, ao meu lado eu tive mais que um amigo. Eu tive Vítor.

(Nesse momento, vemos uma filmagem antiga e granulada de VITÓRIA, vista de frente, escrevendo uma carta, que ela então, após um tracking shot para a direita, vemos VÍTOR recebendo a carta. Toda essa breve cena decorre em time lapse, até o momento em que VÍTOR termina de ler, em que a cena volta ao tempo normal, e ele olha para o lado.
Segue uma cena em preto e branco com VÍTOR e VITÓRIA na cama, de roupa de baixo, se beijando. A cena dura alguns segundos, e então corta para VÍTOR olhando para um espelho estranhamente cabarético. VITÓRIA está massageando suas costas, e diz:
)

VITÓRIA
É a oportunidade perfeita para nos vingarmos do meu irmão, e de todos que nos fizeram mal.

(voltamos para a voz off, enquanto VITÓRIA está entrando no elevador, e CAIO está correndo em sua direção; os médicos e enfermeiras vem pelo corredor e o agarram enquanto ele grita: )

VITÓRIA(V.O.)
Não posso dizer que minha cruzada foi espontânea. Ela partiu das circunstâncias particulares de minha criação.

(Vemos mais um vídeo amarelo granulado de ARMANDO que parece estar batendo em VITÓRIA em um quarto imundo; no close que se faz do rosto dela, pode-se ver que ela está sem um dente)

VITÓRIA(V.O.)
Eu fui apenas uma cria das circunstâncias. Uma vítima que passou o pecado adiante. Eles plantaram, e aqui está a sua colheita.

(a porta do elevador se fecha. Vemos o rosto desesperado de CAIO, segurado pelos médicos)
VITÓRIA (V.O.)
(enquanto um close se aproxima de seu rosto dentro do elevador)
E ainda assim, tudo encaixou perfeitamente.

(segue uma cena em que ARMANDO, filmado de frente, abre a porta do armário vermelho, e diz: )

ARMANDO
Vitória, vamos lá, estou aqui pra te salvar!

VITÓRIA
Você já teve sua chance.

(Ela esfaqueia a câmera)

(corte de volta para o elevador)

VITÓRIA (V.O.)
E ainda assim, quando tudo aconteceu, tudo encaixou tão perfeitamente, tudo parecia premeditado... A conseqüência estava prescrita na causa. Além do mais, todos os que morreram, mereciam. E porque parar na minha escola? Tem crianças horríveis que maltratam umas às outras em todas as escolas do país, todas as escolas do mundo. O mundo já é um lugar horrível. Porque deixar que essas crianças falsas, nojentas e cruéis cresçam para se tornar adultos ainda piores? Essa é minha cruzada. Esse é meu destino.

(Conforme a câmera se aproxima do rosto dela e o discurso termina, seu sorriso se acentua, à La Norman Bates, no final de “Psicose”)

CENA 31/ EXT. NOITE CHUVOSA

(VITÓRIA desce as escadas do hospital no meio da chuva, e fica debaixo de um poste de luz, onde tira uma folha de papel do bolso. Nela vemos vários nomes riscados e alguns ainda escritos. VITÓRIA tira uma caneta e risca os nomes “ARMANDO” e “ANNA”.
Cortamos para um táxi filmado de frente, que pára do lado de VITÓRIA, jogando a água de uma poça sobre sua roupa.
VITÓRIA olha com desgosto para baixo. O vidro do táxi se abre, e o taxista aparece.
)

TAXISTA
Oi, oi, oi, está à procura de um táxi?

VITÓRIA
O senhor molhou minha roupa.

TAXISTA
Bom, fazer o que. Acidentes acontecem. E aí, vai querer ou não? Eu faço um preço especial!

(Corta para VITÓRIA entrando no táxi.)

TAXISTA
E aí moça, pra onde eu te levo?

VITÓRIA
Para casa, acho.

(Vemos o seu papel, e ela faz um pequeno círculo do lado do nome “PAPAI”. Ela hesita então e pausa sobre um espaço branco logo embaixo desse nome.)
(vemos o rosto de VITÓRIA agora, em um close bastante próximo. Ela põe a caneta perto da boca)
VITÓRIA
Só uma coisa, senhor. Qual é o seu nome?

(ao terminar a frase, ela esboça um leve sorriso de satisfação. Então, é o:

FADE TO BLACK

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Lista de Chamada- Parte XVII

CENA 25/ CORREDOR

(Vemos o corredor com suas luzes piscando primeiro em primeira pessoa. Então cortamos para a visão de segunda pessoa, vendo CAIO, PATRÍCIA e BOLA andando juntos, com BOLA carregando um extintor de incêndio. Subitamente, as luzes começam à piscar mais que o normal. Vemos os bastões de néon se apagando.)

CAIO
Mantenham-se vigilantes.
(Voltamos para a primeira pessoa enquanto eles caminham em direção a porta entreaberta.)


CENA 26/ SALA DE AULA, NOITE.

(Sim, anoiteceu em menos de cinco minutos.)
(Eles entram na sala. CAIO entra primeiro, e saca seu celular para iluminar a sala com a fraca lanterna.)

CAIO
PUTA QUE PARIU!

(Vemos apenas CAIO de frente, caindo para trás de nojo, e a câmera então desce e vemos, caído sobre a mesa, o cadáver de ANNA, com sua cara coberta de sangue.)

PATRÍCIA
(põe a mão no rosto e chora)
Meu Deus.

BOLA
Chegamos tarde. Porra! (ele chuta a mesa)

CAIO
(sussurrando)
Cara, o que você ta fazendo? A última coisa que queremos é ele aparecendo aqui!

(Enquanto CAIO fala isso, vemos uma silhueta aparecendo na porta. É a silhueta de: )

VÍTOR
O Zumbi.

CAIO, PATRÍCIA & BOLA
AAAAH! (iluminam com a lanterna o rosto ensangüentado de VÍTOR)

BOLA
Vítor? O que... O que aconteceu?
 
VÍTOR
(andando até o meio da sala; os outros personagens abrem alas para ele passar e formam um círculo ao seu redor)
O Zumbi. O Zumbi matou a Anna e foi embora.

BOLA
O que... Isso quer dizer? Tipo... Um filme de terror?

PATRÍCIA
Não. Ele está falando daquele cara que nunca fala. Marcelo Guedes, mais conhecido como Zumbi. Ele senta lá no fundo, e fica ouvindo música.

VÍTOR
Ele mesmo. No momento que eu menos imaginava, foi só eu baixar a guarda pra ele sacar uma arma de dentro da mochila.(quase chorando) Matou a Anna, e tentou me matar, mas eu consegui torcer o braço dele. Ele me deu um soco e saiu correndo.
 
(Todos olham para ele com um olhar compreensivo.)

CAIO
Pera um segundo. Essa não faz sentido.

VÍTOR
(com sua emoção sumindo e se convertendo em frieza)

O que você quer dizer com isso?

CAIO
O Zumbi esteve conosco quase o tempo todo.

VÍTOR
Sim, e então?
 
BOLA
Cara, eu acho que realmente não é a melhor hora pra isso, assim, temos uma pessoa morta-

VÍTOR
(rindo)
Não, tudo bem, Bola. E então Caio? O que mais?

CAIO
Se o Zumbi é o assassino, então porque o Armando tentou matar a gente? Qual é a conexão?

VÍTOR
Sim, e então?

CAIO
Nós encontramos o Armando morto no estacionamento. Um minuto depois nós ouvimos o tiro.

VÍTOR
(com uma tonalidade de desespero cada vez mais evidente)
Sim, e então?!

CAIO
Se o Zumbi é o nosso assassino, ele não teria como ter matado o Armando. E nós encontramos a Vitória amarrada.

VÍTOR
Sim, e então?!!

CAIO
Quem amarrou a Vitória? O Armando é que não foi, é a irmã dele. O assassino ainda está aqui.

VÍTOR
(explodindo)
SIM, E ENTÃO!(saca uma arma do bolso; os outros andam para trás, alarmados) E ENTÃO?(ele dá um tiro para cima) E ENTÃO E ENTÃO E ENTÃO (ele dá mais três tiros)

CAIO
Uou pera!

BOLA
Porra Caio, você irritou ele!

VÍTOR
Cale a boca, Bola, seu merda!

BOLA
Que é isso cara, eu sou seu amigo!

VÍTOR
Não, não é! Nunca foi!

BOLA
Pera, o que você quer dizer com isso, cara?

VÍTOR
(rindo)
Ora, é piada né? Ninguém aqui é amigo de ninguém, companheiro, e todo mundo aqui sabe disso. A gente se suporta, e é só. Mas não mais. À partir de hoje. (ele aponta a arma)

CAIO
Do que se trata tudo isso, Vítor?

VÍTOR
Do que... Do que se trata?
 
CAIO
É. Qual é o motivo dessa sua vendetta pessoal.

VÍTOR
Eu vou dizer qual é o motivo. Quando eu tinha dez anos, eu estava sentado em um canto fazendo dever de matemática do Scarlotti, e você, Bola, veio por trás, e PUXOU A MINHA CUECA!

BOLA
Ah é, aquilo foi engraçado.

É, pra você. (Para CAIO) Você, Caio, paga de santinho, mas quando eu tinha onze anos roubou o meu livro de português em plena aula, e jogou ele na privada. NA PRIVADA! E, e a Anna(aponta para ela), como grande difusora de boatos que ela é, espalhou pra escola inteira que eu era Gay!

BOLA
Pera, você não é gay?

VÍTOR
(fora do sério)
É CLARO QUE NÃO!

CAIO
(bem sóbrio, interrompendo VÍTOR)
Okay, então deixa eu ver se eu entendi. Isso aqui tudo, todas essas mortes, essa sua vingança cuidadosamente planejada, tudo isso é só uma retribuição por trivialidades que a gente cometeu quando éramos crianças?



VÍTOR
(ferido)
Não são trivialidades pra mim. E eu não sei se você notou, mas nós ainda somos crianças! Somos moleques, porra!

CAIO
Você pode até ser uma criança, mas eu sou um homem.

VÍTOR
Ah é? Então porque está chorando?

(Atira no pé de CAIO, que cai no chão se contorcendo. PATRÍCIA cai junto com CAIO.)

(VÍTOR aponta a arma para BOLA)

VÍTOR
Você, não tente fazer nada. Ou o seu amigo leva mais um tiro. E você (aponta para PATRÍCIA; vemos o seu rosto cheio de lágrimas); acho que me enganei. Alguns aqui gostam sim uns dos outros. Não tente fazer nada. Seu namorado já vai perder o pé direito, e eu aposto que você não quer carregar ele por aí em uma cadeira de rodas. (suspira, divagando, e anda até a janela) O amor é mesmo uma coisa linda. Consigo chantagear duas pessoas com apenas uma arma, só porque uma não aceitaria perder a outra.

(corte para os pés de uma pessoa que até então não estava na sala, andando com cautela na direção de VÍTOR)
 
VÍTOR
(ainda olhando para a janela, com a luz e o reflexo dos pingos em seu rosto)
É uma pena que vou ter que matar vocês dois de qualquer maneira.

(ele se vira, faz um olhar surpreso e tem a cabeça esmagada por um extintor de incêndio. A câmera faz um corte para CAIO, BOLA e ANNA surpresos, e então para um shot frontal do ZUMBI segurando um extintor de incêndio, com o corpo de VÍTOR no chão.)

ZUMBI
O que?

BOLA
Ah olha, ele fala!

(PATRÍCIA o repreende)


Renuncia o Papa Bento XVI

Joseph Ratzinger, mais conhecido como o Papa Bento XVI, líder máximo da Igreja Católica, anunciou hoje cedo (11 de Fevereiro de 2013) que no dia 28 deste mesmo mês, renunciará ao cargo de Pontífice. 
É a primeira vez na história que isso acontece- em uma tradição seguida por mais de 200 Papas, só se deixa o cargo na morte. É uma tradição quebrada apenas por situações de caos político, como foi quando Gregório XII renunciou em 1415, sendo essa a última renúncia até esse ano. Estamos portanto assistindo um evento histórico.
Ratzinger assumiu o Trono de São Pedro em 2005, após a morte de seu predecessor, o Papa João Paulo II. O seu rosto severo lhe valeu comparações com o Imperador Palpatine, da saga Star Wars. Para muitos, sua política não ficou atrás: muitos o acusaram de ser mais conservador que seu antecessor, e por ter ajudado na erosão do poder da Igreja com suas posições intransigentes com relação à assuntos polêmicos, como o uso de preservativos.
O motivo declarado para a renúncia é a idade avançada do Pontífice, que completaria 86 anos daqui a alguns meses. Na Missa do Galo, em Dezembro de 2012, o Papa já tinha surpreendido muitos por sua aparência frágil e abatida.

Lista de Chamada- Parte XVI

CENA 21/ INT. SALA DE AULA, DIA

(pancadas de chuva na janela. VÍTOR está olhando pela janela e vemos o reflexo dos pingos de chuva batendo no seu rosto. Ele anda até ANNA, que está sentada em uma mesa, com a perna esticada e um pano enrolado em volta de sua ferida. Ele se senta ao seu lado.)

VÍCTOR
E aí, já está melhorando?

ANNA
Acho que sim. O corte na verdade não foi tão fundo assim, eu acho.(pausa) E a sua namorada, como vai?

VÍCTOR
(surpreso)
Namorada?

(Nesse momento temos um corte rápido para uma cena com um homem e uma mulher  deitados em uma cama. A filmagem dura meio segundo e mostra apenas seus pés, vistos de cima.)

ANNA
É, po. Sua namorada. (A mesma filmagem de antes, indo agora até a cintura do casal) Vivo vendo vocês por aí. Mas tudo bem, eu não vou sair espalhando.

(VÍCTOR dá um sorriso estranho, desconfortável)

CENA 22/ INT. ESTACIONAMENTO

(os três estão olhando para algo que está no armário. Os vemos de frente.)

BOLA
Cacete, que porra é essa?

PATRÍCIA
De onde veio isso?

CAIO
Não sei.

CENA 23/ INT. SALA DE AULA, DIA
(close no ZUMBI, que desce então para sua mão, que abre o zíper de sua mochila. Vemos então VÍCTOR e ANNA virando a cabeça, e o ZUMBI então andando na direção deles, filmado de frente, porém sem mostrar seu rosto apenas o peito. Então, corte para ANNA e VÍCTOR olhando um para o outro, preocupados.)

CENA 24/ INT. ESTACIONAMENTO

CAIO
Vitória.

(corte para VITÓRIA, caída dentro do armário, inconsciente.)

BOLA
O que ela está fazendo aí?

CAIO
Não tenho idéia. Mas eu sei de uma coisa.(a câmera desliza até as marcas de sangue no chão) Armando estava indo até o armário quando morreu. O que aconteceu?

BOLA
Olha, não importa, o Armando está morto! Vamos tirar ela daqui, e aproveitar e ir embora agora que está tudo resolvido!

(um tiro rouba as últimas palavras de PATRÍCIA.)

PATRÍCIA
...Ou nós podemos só ficar presos em mais problemas.

(mais dois tiros; vemos a reação dos personagens)

CAIO
Ok, seja o que for o que está acontecendo, não acabou quando o Armando morreu. Temos um cara armado, que potencialmente matou todos os nossos amigos. E ele está lá em cima. Não é hora de desespero. Nós vamos atacar a cova do leão.

(o rosto dos outros dois mostra dúvida e incerteza, do tipo “vamos atacar aquele cara sem armas? Aham, senta lá, Cláudia“)

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Lista de Chamada- Parte XV

CENA 20/ INT. ESTACIONAMENTO

(A nossa trupe chega no estacionamento, passando por um corredor estreito. A música de violino é importante nessa hora. Eles chegam então no meio do estacionamento. CAIO, na frente, olha para a tela com uma cara intrigada. À sua frente, está uma poça de sangue, se estendendo detrás de um carro,iluminada por uma luz branca que vem de fora. CAIO levanta sua tesoura. Ele então é mostrado virando o carro; bem abaixo, vemos uma mão caída, meio desfocada. A reação de CAIO é simples)

CAIO
Que porra é essa.

(corte para o corpo de ARMANDO, caído ensangüentado no chão, em uma poça de seu próprio sangue.)

BOLA
Bom, é isso. Ele já era. Vamos avisar os outros.

PATRÍCIA
Pera aí cara, isso não faz sentido nenhum.
(CAIO começa à se aproximar de ARMANDO. O vemos de perfil enquanto ele chega perto de seu rosto. Susto! Subitamente ARMANDO acorda e agarra CAIO pela gola)

ARMANDO
(tossindo sangue)
Há há há... E aí, como vai a caçada?

BOLA
Tira as suas patas sujas dele!

ARMANDO
Cala a boca Boca! Você só está atrapalhando!

CAIO
(suando)
Olha, tome cuidado. Eu tenho uma tesoura.

ARMANDO
(revira os olhos)
Fascinante. O seguinte é...(geme descontroladamente) eu não sei se tenho muito tempo. Mas está na hora de desmascarar essa farsa. Eu não matei ninguém.

BOLA
Ah é, fascinante, seu serial killer filho da puta. Qual vai ser a próxima, você é a Rainha da Inglaterra?

ARMANDO
Não, seu toupeira!(para CAIO) Caio, escute. Eu... Não... Fiz... Os biscoitos.

(ARMANDO morre.)



BOLA
(após um momento de silêncio)
Bom, acho que isso resolve tudo.

PATRÍCIA
Não, espera.

(PATRÍCIA tira a tesoura da mão de CAIO e se abaixa. Começa a perfurar ARMANDO com a tesoura. Não vemos nada disso acontecendo, mas ela passa algum tempo fazendo isso)

PATRÍCIA
Agora sim. (olha para BOLA, que a encara com um olhar de medo, depois se vira) Sempre quis fazer isso.

(PATRÍCIA sai e BOLA, após um breve momento olhando para baixo, suspira. O próximo quadro mostra BOLA e PATRÍCIA indo junto embora do estacionamento. CAIO está no primeiro plano, olhando para algo no chão, enquanto CAIO e PATRÍCIA caminham rumo à porta no segundo plano. Corte para o rosto de CAIO e então para uma trilha de sangue no chão, que a câmera segue até um armário vermelho. Vemos os pés de CAIO andando rumo ao armário.)

BOLA
Koé Caio, porque essa demora? Vem pra cá! Hora de voltar.

CAIO
Já estou indo.

(CAIO continua indo)

BOLA
Caio, vem logo!

CAIO
É, galera, acho melhor vocês virem aqui.

É só um update curto então realmente não precisa de título

Inspirado no meu novo blog(ou seria blogue? Ah, a eterna discussão entre afirmação cultural e ortografia correta) favorito, o Encouraçado Potemkin, estou deixando para trás meus tempos de preguiça e estabelecendo o novo ritmo das postagens: um post por dia. Preparem-se.

...Ah, e tomem um pouco de seu tempo para clicar nesse link e ler um pouco do Potemkin. Sério, é muito bom. Eu não botei esse link aí por qualquer motivo. Você acha mesmo que eu botei esse link por qualquer motivo? Você acha que eu botaria um link aqui sem motivo algum? Então pense de novo.
...Sério, dê uma olhada. Uma olhadinha. Uma olhadela. É duca. 
...Ah, olha, você voltou. Já leu o blog? Sim? Que bom. É, eu também estou feliz de ter você aqui de volta.

PS: O novo ritmo entrará em vigor na próxima segunda ou quarta, devido às circunstâncias particulares dessa época do ano, chamadas férias.

Franco Alencastro traz a pessoa amada em três dias.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Direitos dos Animais

Olá e Bem-Vindos à cobertura oficial do Literabytes em Brasília. Aqui você encontra as notícias mais importantes do que se passa no dia-à-dia do Congresso Nacional.
O novo Presidente do Senado, Rex, pertencente à família Almeida de Uberlândia, Minas Gerais, tomou posse hoje, exatos seis meses depois de ser aprovada a controvertida lei que concede cidadania total aos animais residentes em solo Brasileiro. O novo Censo, cujos primeiros resultados foram divulgados nessa Segunda-Feira, indicam que a República Federativa do Brasil é hoje lar de 2355 milhões de Brasileiros, dos quais menos de 10% é humano. Como consequência, as estatísticas de saneamento básico, analfabetismo, e desemprego são hoje as piores já registradas na história do país. Procurado para comentar sobre o assunto, o ex-Presidente Lula disse: "No meu mandato não era assim."
Na pauta de hoje, estavam vários projetos de lei, como um que criminaliza o uso da palavra "animal" como ofensa, além da regularização da profissão "cão de guarda", e a integração dos golfinhos de parques aquáticos na categoria Artista. Questionado sobre se esses novos profissionais serão enquadrados na legislação trabalhista Brasileira, o deputado Galileu declarou: "Cocoricó-có-có, có-có-có-ricó-có!". Uma nota de tradução não foi divulgada. O deputado José Sarney¹, por outro lado, disse que em breve trará para a pauta um projeto de lei que flexibiliza as leis trabalhistas brasileiras, permitindo pagar os animais em milho, brinquedos de plástico ou carinho, dependendo da espécie. "Essa lei já é adotada em todo o Maranhão. Na minha fazenda, por exemplo, todos os peões são pagos em feijão", disse o deputado, logo antes do deputado Teco-Teco (PT-GO) fazer cocô em seu terno.
A Revista Veja criticou a medida, dizendo que os animais são dependentes de comida e assistência que recebem dos seres humanos, e por isso são eleitores naturais do PT. O colunista Diogo Mainardi, de volta á revista desde Fevereiro, também acusou o Senador Renan Calheiros, um de três humanos em todo o Senado(junto com José Sarney e o senador Jarbas Passarinho, no qual muitos pássaros votaram por engano, achando que era um dos seus), de se utilizar de nepotismo. Apresentou como prova o fato de que em seu escritório trabalham três peixinhos dourados, um gato malhado, um boi zébu e uma arara, todos habitantes de seu zoológico particular antes da promulgação da lei. Uma carta enviada à revista por um anônimo, porém, apoiou a nova lei: "Agora sim vou poder processar o meu gato por todos os sofás que ele estragou." disse A.F., de São Gonçalo, RJ.
Essa nova situação traz muitas questões, por exemplo: Já que gatos e cachorros envelhecem à aproximadamente 7 vezes a velocidade dos seres humanos, poderão coletar aposentadoria à partir dos nove anos de idade? E os elefantes, precisarão esperar mais?
Hoje foram necessárias 26 moções de ordem, quase todas causadas pela conjunto dissonante de miados, balidos, rugidos e latidos, estes últimos quase que inteiramente vindos do Deputado Jair Bolsonaro. À partir de meio-dia, as duas câmaras começaram á se encher de dejetos e a sessão teve de ser suspensa.
Em outra nota, no final da tarde os protestos tomaram conta da Praça dos Três Poderes: lá convergiram 350 milhões de formigas(estimativa da polícia: 100 milhões), pedindo o direito ao voto, já que a Constituição considera os insetos uma categoria separada dos animais. Estima-se que se esse direito for concedido, a população brasileira chegará à 10 trilhões de habitantes, dos quais 98% serão insetos. O escritor Ferreira Gullar comentou: "Dizem que se dermos o direito de voto aos insetos, o Congresso vai se encher de formigas e baratas. Sinceramente, não vejo muita diferença da situação atual."
De fato, em um país com tanta gente sem espinha, um Congresso de invertebrados não seria inapropriado.

Franco Alencastro tomou a pílula vermelha, e acordou sem um rim.

¹Não, nem nesse mundo de fantasia escapamos do Sarney.



A Viagem

Não, esse não é um texto sobre o filme dos Irmãos Wachowski, que aliás é algo que me deixa feliz, afinal parece que tem menos gente que viu esse filme do que lê meu blog. Score!
(E esse blog nem custou 150 milhões de dólares, então HA!)
Não. É sobre um assunto mais complexo(se bem que, tem coisa mais complexa e cabeluda que aquele filme?), tão complexo que eu vou resumir com essa foto:





"Para aqueles que não entenderam, esse 'mene', como parece ser a nova designação dessas imagens engraçadinhas que a gente compartilha como doenças venéreas, é sobre a tendência em certos círculos acadêmicos(e, por 'certos', eu obviamente quero dizer 'todos') de fazer análises tão exageradas e minuciosas da intenção de, sei lá, Machado de Assis ou Clarice Lispector, que acabam tirando uma grande conclusão filosófica e existencialista de um texto mundano, o que parece deprimir tanto esses autores(sim, mesmo após a morte) que eles decidem tentar se reinventar como fornecedores de status de Facebook. " -Clarice Lispector.

Porém, permitam-me fazer uma contra-reclamação. Após anos e anos sendo forçado à fazer esse mesmo tipo de análise forçada, eu descobri uma coisa interessante. Quando você termina, a sua cabeça fica meio zonza, seus membros trêmulos, e a própria realidade parece virar pudim diante de seus olhos. A viagem intelectual é uma forma dos professores terem barato. Ou seja, toda essa masturbação intelectual não é o meio. É o fim. 
Até porque, quem não gosta de masturbação? 

Franco Alencastro atualmente acha que os Videogames estão acabando com a sua vida. Felizmente, ainda tem Mana de sobra.


Lista de Chamada- Parte XIV

CENA 18/ INT. DIA, ESCADA

(CAIO e PATRÍCIA ainda estão na escada, um de frente para o outro, falando da mesma forma)

PATRÍCIA
(se virando)
O que foi isso?

(corta para o topo da escadaria, onde um extintor de incêndio, misto de carrinho de bebê do Encouraçado Potemkin e torrente de sangue de O Iluminado, começa à rolar escadaria abaixo em câmera lenta enquanto uma música clássica toca ao fundo)

CAIO
Cuidado!

(CAIO empurra PATRÍCIA; o mascarado desce; CAIO parece confuso ao vê-lo. Ele passa a faca no tronco de CAIO. E continua correndo escadaria abaixo. VÍTOR e BOLA aparecem no topo da escadaria. CAIO olha para eles com um olhar de desesperança. Tracking shot até a base da escada, onde o extintor de incêndio solta o que sobra de seu gás.)

CENA 19/ INT. ENTARDECER, SALA DE AULA

(VÍTOR rasga um pedaço da sua camiseta e amarra no calcanhar de ANNA, com um corte bem feio)

ANNA
Ai. Ainda dói. Eu não... Sinto nada no meu pé.

BOLA
Acho que é normal.

(VÍTOR manda um olhar de reprovação para BOLA)

CAIO
(apoiando a cabeça no quadro)
Não temos mais escolha.

VÍTOR
O que você quer dizer? Esperamos aqui até ele aparecer e montamos uma cilada?

CAIO
Não. Vamos atrás dele.

VÍTOR
V-você está maluco! A Anna ta machucada, ele tem uma faca, e, eu não sei se você percebe, mas já fomos atrás dele, e não deu certo!
 
CAIO
Então alguém vai ter que ficar aqui e cuidar dela.

VÍTOR
(após uma breve pausa)
Eu fico.

PATRÍCIA
Eu vou.
 
BOLA
Eu vou. Mas vamos precisar de armas.
(CAIO olha para os cantos por um instante até que seu olhar repousa sobre a mochila. Ele a abre, e tira algo. Esse algo é erguido na frente dos outros dois, que primeiro, ficam foscos em detrimento do objeto, para então aparecer.)

CAIO
(segurando um tesoura)
Se isso aqui não é uma arma, eu não sei o que é.




Lista de Chamada: perto do fim

Não, esse não é um novo emocionante capítulo de Lista de Chamada. Não que algum de vocês se importe, já que, segundo as estatísticas do blog, só uma pessoa em toda a internet passou do primeiro capítulo(eu estou falando com você, Mamãe). Anywayz, a notícia é que eu terminei Lista de Chamada, e estarei postando os capítulos finais nos próximos dias! Yay!
Então, até lá, mamãe.

Franco Alencastro é entendido (e entediado) das coisas.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Lista de Chamada- Parte XIII

 CENA 16/ INT. DIA, ESCADA ESCURA

(PATRÍCIA está na posição em que estava quando o flashback havia começado.)

PATRÍCIA
Agora você entende, não?

(CAIO faz que sim com a cabeça.)

PATRÍCIA
Então me dê um bom motivo para confiar em você.

CENA 17/ INT. DIA, SALA DOS PROFESSORES.

(BOLA, ANNA e VÍTOR entram na sala dos professores.)

ANNA
(passando os dedos em uns arquivos em uma instante)
Nossa, quanta poeira.

VÍTOR
Shhh. Fale baixo.

ANNA
Porque?
BOLA
(se irrita, mas respira fundo)
Ele pode estar aqui!

ANNA
Ah, certo.

(os três começam à procurar coisas na sala dos professores, vendo se ARMANDO está escondido. ANNA força a porta de um escritório e entra. Ela respira fundo.)

ANNA
Galera, acho que encontrei uma coisa!

VÍTOR
O que?

ANNA
Aqui, na sala do Scarlotti!

(VÍTOR e BOLA entram na sala)

ANNA
Acho que eu sei o que aconteceu.

(ela aponta para um quadro de SCARLOTTI, do lado da escultura, colorida, de um arenque vermelho.)

ANNA
Ele é o cara. É por isso que estamos, morrendo, é por isso que estamos aqui hoje. Bola, você e o Caio disseram que estão aqui porque trapacearam na prova do Scarlotti.

BOLA
É, mas nós não trapaceamos.

ANNA
Exato! Foi um pretexto. Não é por isso que vocês estão aqui. Pense em tudo que vocês fizeram pro Scarlotti todos esses anos. Todo esse tempo infernizando a vida dele. E hoje, a escola está vazia. Não tem ninguém aqui pra ver ele conseguir a sua vingança sobre nós. Ninguém pra ver ele nos assassinando.

BOLA
O que? Francamente, isso é ridículo.

VÍTOR
Olha, ela tem um ponto.

(nesse momento, vemos uma luva preta com uma faca se revelando por baixo de um arquivo de metal)

BOLA
Tá, mas aonde o Armando entra nisso?

(A mão se posiciona perto do calcanhar de ANNA. Ela estende então a faca e corta seu calcanhar. ANNA cai em lágrimas. Um ser mascarado pula para fora do arquivo. BOLA tenta segurar ANNA e impedi-la de cair no chão, enquanto VÍTOR tenta parar o mascarado segurando-o. O mascarado o joga contra a porta de vidro, que quebra, em um shot belo filmado de baixo, com os pedaços de vidro caindo em câmera lenta. Corta para o calcanhar ensangüentado de ANNA e CAIO segurando ela.)

VÍTOR
Que porra foi essa?

BOLA
Meu Deus.

VÍTOR
O que foi?

BOLA
O Caio e a Patrícia. Eles não sabem que ele está à solta.