segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Lista de Chamada- Parte XVII

CENA 25/ CORREDOR

(Vemos o corredor com suas luzes piscando primeiro em primeira pessoa. Então cortamos para a visão de segunda pessoa, vendo CAIO, PATRÍCIA e BOLA andando juntos, com BOLA carregando um extintor de incêndio. Subitamente, as luzes começam à piscar mais que o normal. Vemos os bastões de néon se apagando.)

CAIO
Mantenham-se vigilantes.
(Voltamos para a primeira pessoa enquanto eles caminham em direção a porta entreaberta.)


CENA 26/ SALA DE AULA, NOITE.

(Sim, anoiteceu em menos de cinco minutos.)
(Eles entram na sala. CAIO entra primeiro, e saca seu celular para iluminar a sala com a fraca lanterna.)

CAIO
PUTA QUE PARIU!

(Vemos apenas CAIO de frente, caindo para trás de nojo, e a câmera então desce e vemos, caído sobre a mesa, o cadáver de ANNA, com sua cara coberta de sangue.)

PATRÍCIA
(põe a mão no rosto e chora)
Meu Deus.

BOLA
Chegamos tarde. Porra! (ele chuta a mesa)

CAIO
(sussurrando)
Cara, o que você ta fazendo? A última coisa que queremos é ele aparecendo aqui!

(Enquanto CAIO fala isso, vemos uma silhueta aparecendo na porta. É a silhueta de: )

VÍTOR
O Zumbi.

CAIO, PATRÍCIA & BOLA
AAAAH! (iluminam com a lanterna o rosto ensangüentado de VÍTOR)

BOLA
Vítor? O que... O que aconteceu?
 
VÍTOR
(andando até o meio da sala; os outros personagens abrem alas para ele passar e formam um círculo ao seu redor)
O Zumbi. O Zumbi matou a Anna e foi embora.

BOLA
O que... Isso quer dizer? Tipo... Um filme de terror?

PATRÍCIA
Não. Ele está falando daquele cara que nunca fala. Marcelo Guedes, mais conhecido como Zumbi. Ele senta lá no fundo, e fica ouvindo música.

VÍTOR
Ele mesmo. No momento que eu menos imaginava, foi só eu baixar a guarda pra ele sacar uma arma de dentro da mochila.(quase chorando) Matou a Anna, e tentou me matar, mas eu consegui torcer o braço dele. Ele me deu um soco e saiu correndo.
 
(Todos olham para ele com um olhar compreensivo.)

CAIO
Pera um segundo. Essa não faz sentido.

VÍTOR
(com sua emoção sumindo e se convertendo em frieza)

O que você quer dizer com isso?

CAIO
O Zumbi esteve conosco quase o tempo todo.

VÍTOR
Sim, e então?
 
BOLA
Cara, eu acho que realmente não é a melhor hora pra isso, assim, temos uma pessoa morta-

VÍTOR
(rindo)
Não, tudo bem, Bola. E então Caio? O que mais?

CAIO
Se o Zumbi é o assassino, então porque o Armando tentou matar a gente? Qual é a conexão?

VÍTOR
Sim, e então?

CAIO
Nós encontramos o Armando morto no estacionamento. Um minuto depois nós ouvimos o tiro.

VÍTOR
(com uma tonalidade de desespero cada vez mais evidente)
Sim, e então?!

CAIO
Se o Zumbi é o nosso assassino, ele não teria como ter matado o Armando. E nós encontramos a Vitória amarrada.

VÍTOR
Sim, e então?!!

CAIO
Quem amarrou a Vitória? O Armando é que não foi, é a irmã dele. O assassino ainda está aqui.

VÍTOR
(explodindo)
SIM, E ENTÃO!(saca uma arma do bolso; os outros andam para trás, alarmados) E ENTÃO?(ele dá um tiro para cima) E ENTÃO E ENTÃO E ENTÃO (ele dá mais três tiros)

CAIO
Uou pera!

BOLA
Porra Caio, você irritou ele!

VÍTOR
Cale a boca, Bola, seu merda!

BOLA
Que é isso cara, eu sou seu amigo!

VÍTOR
Não, não é! Nunca foi!

BOLA
Pera, o que você quer dizer com isso, cara?

VÍTOR
(rindo)
Ora, é piada né? Ninguém aqui é amigo de ninguém, companheiro, e todo mundo aqui sabe disso. A gente se suporta, e é só. Mas não mais. À partir de hoje. (ele aponta a arma)

CAIO
Do que se trata tudo isso, Vítor?

VÍTOR
Do que... Do que se trata?
 
CAIO
É. Qual é o motivo dessa sua vendetta pessoal.

VÍTOR
Eu vou dizer qual é o motivo. Quando eu tinha dez anos, eu estava sentado em um canto fazendo dever de matemática do Scarlotti, e você, Bola, veio por trás, e PUXOU A MINHA CUECA!

BOLA
Ah é, aquilo foi engraçado.

É, pra você. (Para CAIO) Você, Caio, paga de santinho, mas quando eu tinha onze anos roubou o meu livro de português em plena aula, e jogou ele na privada. NA PRIVADA! E, e a Anna(aponta para ela), como grande difusora de boatos que ela é, espalhou pra escola inteira que eu era Gay!

BOLA
Pera, você não é gay?

VÍTOR
(fora do sério)
É CLARO QUE NÃO!

CAIO
(bem sóbrio, interrompendo VÍTOR)
Okay, então deixa eu ver se eu entendi. Isso aqui tudo, todas essas mortes, essa sua vingança cuidadosamente planejada, tudo isso é só uma retribuição por trivialidades que a gente cometeu quando éramos crianças?



VÍTOR
(ferido)
Não são trivialidades pra mim. E eu não sei se você notou, mas nós ainda somos crianças! Somos moleques, porra!

CAIO
Você pode até ser uma criança, mas eu sou um homem.

VÍTOR
Ah é? Então porque está chorando?

(Atira no pé de CAIO, que cai no chão se contorcendo. PATRÍCIA cai junto com CAIO.)

(VÍTOR aponta a arma para BOLA)

VÍTOR
Você, não tente fazer nada. Ou o seu amigo leva mais um tiro. E você (aponta para PATRÍCIA; vemos o seu rosto cheio de lágrimas); acho que me enganei. Alguns aqui gostam sim uns dos outros. Não tente fazer nada. Seu namorado já vai perder o pé direito, e eu aposto que você não quer carregar ele por aí em uma cadeira de rodas. (suspira, divagando, e anda até a janela) O amor é mesmo uma coisa linda. Consigo chantagear duas pessoas com apenas uma arma, só porque uma não aceitaria perder a outra.

(corte para os pés de uma pessoa que até então não estava na sala, andando com cautela na direção de VÍTOR)
 
VÍTOR
(ainda olhando para a janela, com a luz e o reflexo dos pingos em seu rosto)
É uma pena que vou ter que matar vocês dois de qualquer maneira.

(ele se vira, faz um olhar surpreso e tem a cabeça esmagada por um extintor de incêndio. A câmera faz um corte para CAIO, BOLA e ANNA surpresos, e então para um shot frontal do ZUMBI segurando um extintor de incêndio, com o corpo de VÍTOR no chão.)

ZUMBI
O que?

BOLA
Ah olha, ele fala!

(PATRÍCIA o repreende)


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