Capítulo 10
Tinha uma cidade no meio do caminho.
No meio do caminho, tinha uma cidade.
Bum, não tem mais.
Eu estava no ponto de impacto. No epicentro do
terremoto. No local onde antes havia uma cidade, onde antes havia um exército,
onde antes havia Django. Não hà mais.
Quando a poeira baixou finalmente podíamos ver a
escala do estrago que os B-52s haviam provocado naquele recanto de deserto
esquecido por Deus e povoado por homens. De fato, nada havia sobrado, apenas as
famílias vagando por aí, observando o traçado no chão, que antes separava o
mundo frio, ainda que implacavelmente quente, do lar, aconchegante embora
exíguo.
Andei com os poucos sobreviventes até onde, podia
ver, um helicóptero havia pousado. Um resplandecente veículo de metal em meio à
tantas carcaças chamuscadas, ele só poderia ter chegado mais tarde.
Meu andar foi atrapalhado de súbito. Normalmente,
isso não seria nada, eu pensaria ser alguma mosca ou um desses insetos
miseráveis das terras tropicais, ou só o suor, grudando a roupa na minha pele,
mas a vida dura e as batalhas tinham endurecido meu coração, diminuído minha paciência,
e fortalecido minha paranóia.
Me virei para trás, e era uma mulher, coberta de
poeira, agarrando a minha farda. Wright teve a sábia decisão de dar uma
coronhada nela com o rifle, mas o fiz parar. A nossa reputação já havia sido
destruída pelas bombas, não precisávamos de mais violências contra civis
naqueles dia.
O rosto da mulher não me era estranho. Ela começou
à gesticular com os braços e falar algo bem rápido na língua local, e só então
pude ver que se tratava da camponesa do burro. Uma criaturinha puxou e
amarrotou o seu vestido; era sua filha, feia e ainda por cima coberta de
poeira.
Foi aí que Shorty interviu, e as palavras que ele
disse provavelmente mudaram a minha vida. Não sei se me recordo muito bem, mas
foram algo bem próximo de:
-Precisa de tradução, senhor? Eu posso traduzir
português.
Shorty, talvez você se lembre, não só tinha a
vantagem de ser o mais alto do grupo e, portanto, de ter um apelido irônico,
como também havia sido hippie nos anos que haviam precedido sua conscrição no Exército.
Talvez mais importante até do que isso, namorara brevemente- embora por uma
quantidade de tempo considerada conservadora por seus colegas- uma garota
brasileira que fazia parte do movimento pacifista. Isso não só aumentou sua
reputação entre os hippies- pois ele estava namorando uma garota engajada, e
ainda por cima, da nação que estávamos pacificando!- como o introduziu na nobre
arte do bilingüismo. Eu evitava pedir a sua ajuda porque eu mesmo estava
tentando aperfeiçoar o meu português, mas no momento, estava perdido em uma
avalanche de Oxentis. Shorty iria servir.
Fiz que sim e ele iniciou sua tradução simultânea,
não exatamente simultânea, pois Shorty escutava um trecho curto do que ela
tinha à dizer e então traduzia.
-Ela disse, “Desculpa, desculpa”. Parece estar
extremamente arrependida de algo. Está... Arrependida. Ela disse que a
distração foi combinada com os jovens.
-Os jovens? Como assim?
-Não sei, está falando dos jovens que vieram
armados. Sem dúvida, são os comunistas. Espera. Eles chegaram faz um mês.
Ameaçaram a cidade, com armas. Muitos homens foram levados. A cidade virou uma
cidade de mulheres e crianças. Eles seriam devolvidos quando a cidade
conseguisse emboscar os ameri... Nos emboscar. Droga, cara! A merda dessa
cidade nos emboscou!
-Volta, volta. O que ela disse sobre os homens da
cidade?
Mais monólogo. Mais tradução.
- É isso que ela disse mesmo. Todos os homens da
cidade... Foram levados. Era isso, ou a cidade inteira ser massacrada.
-Bom, acho que a escolha deles deu na mesma, então.
-Cala a boca, Wright. Os homens foram levados. Para
um esconderijo, lá no... Bom, é uma palavra que você não conhece, senhor, mas
significa o interior rude dessas terras. Se diz Sertão. O marido dela
era um deles. Ela apenas o queria de volta, e por isso deu o aviso para que o
ataque começasse. Ela pede desculpas. Está muito arrependida de nos trair, mas
ela não tinha culpa, só queria o marido de volta. Ah, e está dizendo que, se
matarmos-a agora, ela morreria feliz.
-Tá certo- disse Sykes, que raramente abria a boca,
e quando o fazia, era para falar algum absurdo homicida. - Façamos isso mesmo,
se é o que ela quer.
-NÃO! Está maluco?- segurei o rifle de Sykes. Para
meu choque e surpresa, ou talvez nem tanto, ele havia apontado o rifle para a
menininha. A mulher, compreensivelmente, recuou, apreensiva.
-Pergunte o nome dela- disse.
Shorty perguntou e ela respondeu. Não precisei de
tradução. Pepé. Um nome breve, curto, sucinto. Duas sílabas; a boca se abre num
estalo, se fecha, e depois repete o movimento em um estalo, em um instante.
Conforme descobri depois, “Pepé” era na verdade um apelido para Penélope.
Tudo fazia sentido. Pepé perdera o marido. Nos
traiu; em troca, destruímos a cidade dela.
Mas quem exatamente destruiu? E porquê? E porquê
levar Karl Django desta para melhor?
Assenti com a cabeça diante dos lamentos de Pepé e
continuei andando. Sua história era muito triste, mas todos tínhamos histórias
tristes. Eu poderia contar da vez em que eu e meus pais viajamos para as
Cataratas do Niágara- se não me engano, foi na mesma viagem em que fomos para o
Arizona- e eu tive que ficar no carro, pois estava com gripe, e minha mãe não
queria que eu piorasse com o frio e a umidade das quedas- mas isso entediaria
vocês.
Continuei andando rumo ao helicóptero, acompanhado
do meu próprio pelotão. Não era grande, e na verdade não chegava á ser um
pelotão, mas era composto de soldados valorosos, que haviam resistido à onda
após onda de comunistas naquela diminuta torre.
A porta do helicóptero se abriu, e um homenzinho
desceu, caminhando por alguns instantes em meio aos cadáveres. Reconheci-o
rapidamente. Era o Coronel Sutherland, à quem eu encontrara havia alguns dias
em Natal.
-Senhor Coronel, Senhor- fiz a posição de sentido
para a bunda do homem. Ele se virou e fingiu surpresa ao me ver. Não, não,
pensando bem, havia algo de genuíno em sua surpresa.
-D-Descansar, soldado- disse o Coronel, ainda à
procura de palavras que pudesse expelir.
-Senhor Coronel, preciso perguntar algo. O que
exatamente aconteceu nesse vilarejo?
-Ora, tenente, o senhor não pode ver? Um pequeno
desastre. Acidentes desse tipo acontecem. Mandamos vocês por uma estrada que
julgávamos ser segura, mas, afinal de contas, não era.- ele disse, por trás de
um sorriso amarelo e um farto bigode.
-Senhor, com todo respeito, isso não foi uma
simples emboscada. Havia centenas de comunistas nessa pequena aldeia, mais do
que vimos em toda a campanha até agora. Conseguimos informações com os
habitantes locais, que indicaram que este pequeno exército estava instalado
aqui havia um mês. Senhor, isso significa uma coisa e uma coisa apenas: eles
sabiam que viríamos.
O rosto do coronel se contorceu em uma careta.
Entre as suas bochechas pastosas, sua boca fina emitiu sons.
-Você tenha cuidado com o que diz, moleque. Eu
ainda sou seu superior. Essa é uma tragédia, um erro tático, mas, como
resultado dela, o Tenente... Django será lembrado como um mártir de nossa
causa. Este não é o momento para acusações vãs e discussões internas. Estamos
em guerra, e devemos nos unir se quisermos sobreviver, pois estamos no mesmo
barco. Agora, entrem no helicóptero, vamos tirar vocês daqui e mandá-los para
Salvador. Sem dúvida, serão condecorados por bravura.
Abaixei a cabeça e andei até a porta de correr que
se abriu diante de mim. Havia recebido reprimendas antes, mas poucas haviam
sido mais frustrantes que esta. Enquanto pisava nos primeiros degraus, o
Coronel inclinou-se e sussurrou na minha orelha: “Eu já rebaixei muitos contestadores
antes, e rebaixar mais um não vai me custar nada.”
De repente, aquelas palavras ecoaram, e, talvez
diante da visão do helicóptero, ou de alguma outra coisa capaz de induzir
epifanias, um pensamento me correu pela mente, antes de se espatifar metaforicamente
contra um muro vermelho, que na verdade dera um grande botão metafórico, que,
metaforicamente, acionava a fala.
-Pera; se isto foi um acidente, então como é que os
B-52s sabiam onde atacar?
Sutherland se virou, franzindo a testa e juntando suas
grossas sobrancelhas.
-Filho, você...
-Eles teriam que ter sido mandados para este ponto
específico da estrada, que nem está nos mapas direito, bem antes do ataque
começar. Não tem como ter sido coincidência. Eles estavam sobrevoando a região
exatamente quando o ataque começou?
Dei um passo para trás, saindo do helicóptero.
Wright me seguiu.
-Senhor Coronel, Senhor, o senhor mandou esses
aviões, e principalmente, nos mandou para cá sabendo que haveria uma emboscada.
Pude perceber que à essa altura ele estava suando
frio, e logo reagiu.
-É claro que não! Sacrificar soldados... Tenente,
isso é desacato! Um caso GRAVE de desacato! Pior... Isso é traição! Homens,
prendam esse traidor!
-Senhor Coronel... Eu nunca disse que se tratava de
sacrificar a tropa; o senhor mesmo é quem acaba de fazer isso.
-Não! Traidor! Indisciplinado, Indisciplinado,
sempre foi! Soldados, prendam-no!
Wright, Davis, Bob, Sykes, Shorty. Nenhum deles
mexeu um centímetro.
-PRENDAM-NO!
- O senhor mandou seus homens para uma missão
suicida, senhor. Servir de isca para que vocês bombardeassem os comunistas às
raias da inexistência.
Sutherland parou com a sua gritaria por alguns
segundos enquanto meus homens formavam um grupo compacto ao meu redor, ao mesmo
tempo que eu andava em sua direção.
-Vocês... São só soldados! Estão na linha de
frente! O dever de vocês é garantir a sobrevivência da América, e só! Algumas
vezes, isso exige coisas que não compreendemos! Exige sacrifícios! Manobras
distrativas! Bloqueios, bombardeios, matar uma cidade de fome, reduzi-la à
poeira, são coisas horríveis, sim, mas essenciais para que se vença uma guerra!
Se nós parássemos cada vez que temos que cometer um ato de que possamos nos
arrepender depois com base em tolices como ética, nunca teríamos vencido
nenhuma guerra! E é por isso que pensar nisso é papel dos mais experientes,
daqueles que viram a maior parte do combate e sabem exatamente as ramificações
dessas decisões difíceis! É por isso que a guerra se ganha em Washington, e não
na selva! Essa é uma guerra lutada por burocratas, homens de terno e guerreiros
experientes, e não pelo homem comum! Por aqueles que sabem o que estão fazendo,
e acredite em mim, nós sabemos o que estamos fazendo. O que vocês precisam
fazer é cumprir as ordens! Vocês podem fazer o que quiserem, reclamar, propor
suas próprias estratégias, jogar fora suas medalhas em frente ao Capitólio, mas
isso não mudará a conduta da guerra! E isso porquê, sem nós, vocês não entendem
nada do combate. Sem nós. vocês não entendem nada do Brasil. Sem nós, vocês não
entendem nada de guer...
Mais um tiro, eu diria, pelas minhas contas, o
n°11045 do dia. Diferente dos outros, esse penetrou mais fundo e de maneira
mais sonora e eu pude ver, ao vivo em cores, seus efeitos em toda a sua
sangrenta glória.
A arma de Sykes estava fumegando, e Sutherland fora
ao chão, uma enorme bolha de sangue estourada entre suas sobrancelhas e bigode
deveras tingidas de vermelho.
-Ele não parava de falar- disse Sykes, traduzindo o
sentimento geral, de uma maneira que Shorty seria incapaz.
Sutherland estava morto, caído no chão, todo
sangue, todo taturanas, todo bigode, todo fadiga verde, todo escovinhas
estranhamente ausentes, e nós éramos oficialmente os traidores que ele nos
declarara havia um minuto. Talvez ele fosse vidente, quem sabe.
A outra porta do helicóptero se abriu, e dela saiu
um homem jovem, embora mais velho do que eu, usando os mesmos óculos de aviador
de Sutherland.
Apontei minha arma para ele.
-O que você pretende fazer?- perguntei à ele.
Ele olhou um pouco ao seu redor, sem dúvida
demonstrando uma emoção, embora esta estivesse oculta sob o Ray-ban.
-Nada.
-Nada?
-Nada. Pra quê? Esse cara era um chato mesmo. Me
deixem ir embora com vida, e eu invento uma história sobre como ele decidiu
ficar no chão, para ter um pouco de ação e realizar um pouco de reconhecimento,
sendo morto num tiroteio, e de como eu heroicamente carreguei seu corpo até o
helicóptero, levando-o de vota para receber suas honrarias militares em
Salvador. Ah, e claro, vocês não estão mais vivos, morreram juto com o resto
das tropas no bombardeio, que realizou todos os seus objetivos estratégicos.
Nenhum de nós disse nada, então ele simplesmente
continuou à desfiar seus pensamentos.
-Honestamente, estou cansado desse lugar. É só
umidade, umidade, umidade, mata, poeira, deserto, umidade, umidade, poeira,
vilarejos, e algumas cidades espalhadas entre elas, todas fétidas e parecidas.
A mulherada é legal, mas eu arranjo coisa melhor em Nova Orléans. Dito isso, o
que vocês acham da minha proposta?
Sem dizer nada, Davis entrou no helicóptero. Se o
gesto era aquilo que eu imaginava, era o que eu previa. Ter entrado no Exército
era uma conquista para Davis, que antes era apenas o garoto nerd e com alguns
problemas de saúde. Isso fora a prova de que ele podia ser algo mais. Ele não
jogaria isso fora para virar um reles desertor.
Enquanto a porta se fechava, Davis sequer olhou
para nós.
-Beleza, legal, o que somos agora, então?- disse
Wright, olhando para o céu pelo qual singrava o helicóptero.
-É simples. Somos soldados sem pátria. Somos
desertores. À partir de agora, os EUA são nossos inimigos, tanto quanto os
comunistas. Para nós, a verdadeira guerra começa agora. E só vai terminar
quando estivermos mortos.
Eu queria ter dito isso, mas não disse. Quem disse
foi o Shorty. Tenho inveja dele; ele sempre foi muito bom com palavras.
*****
Era ela,
era impossível ser qualquer outra pessoa.
Havíamos andado por toda a estrada, durante o
anoitecer, basicamente esperando não ser mortos por alguma quadrilha de
salteadores. Estávamos em menor número, e com pouca munição, o que significava
que seríamos presa fácil para os comunistas sobreviventes do ataque.
Adicionalmente, o fato de termos sobrevivido indicava que a estratégia de
bombardeio havia falhado, o que significava que os americanos que
encontrássemos pela estrada acabariam com a nossa raça. Ou seja, estávamos em
uma situação complicada, e assim,andávamos com muita cautela.
Felizmente, talvez anticlimaticamente, nada
aconteceu. Nenhum assaltante homicida pulou sobre nós para cortar nossas
gargantas, nenhum helicóptero jogou napalm sobre nós, nenhuma emboscada com uma
criança ferida no meio da estrada foi tentada. Talvez a estratégia de
bombardeio tenha tido sucesso, afinal de contas. Mas ela tinha tido uma falha
muito óbvia: nós.
E agora, após talvez uma hora de caminhada,
havíamos encontrado ela. À distância.
Uma mulher com uma criança nas costas.
O que quer que tivesse acontecido com o burro, ele
havia ficado para trás.
Não tinha erro.
Corri até ela. A mulher obviamente ouviu meus
passos e, primeiramente, tentou correr, mas estava com a filha nas costas, o
que complicou sua situação. Ela olhou para trás. Me viu. Parou. Bom sinal.
Shorty veio comigo. Não haveria erro.
-Shorty, isso é importante, traduza o que eu estou
dizendo.
Shorty assentiu, embora, pude ver por seu rosto,
meio à contragosto. Talvez ele sentisse que lá vinha bomba, e de fato, vinha.
Pepé ficou me encarando enquanto eu falava para Shorty.
Ela parecia não entender porque eu a havia seguido. À bem saber, nem eu, embora
possa sair do meu corpo e consciência por um momento e propor uma explicação
Freudiana meia-boca. Estava francamente cansado daquela guerra e de todo aquele
cinismo miserável. Aquilo não era a América. A América era outra coisa,
talvez altruísmo, talvez um senso de dever. Em todo caso estava disposto à
descobrir qual era. Talvez parcialmente estivesse buscando uma maneira de me
reafirmar como o herói que meu pai queria que eu fosse, após desertar do
Exército. De qualquer maneira, tudo isso é uma enorme bobagem.
Pepé me encarava com seus olhos de resignação, de
quem perdeu tudo e já aceitou. Suas chances de recuperar seu marido já haviam
se esvaído, e ela ainda apostara sua casa e sua cidade nisso, perdendo tudo.
Estava suja, com fome, sozinha, com uma filha para criar. Eu estava sujo e com
fome, mas tinha uma arma, e ia fazer algo com ela.
-Pepé, estou sabendo do que aconteceu com o seu
marido. Ele foi levado para o...
-Sertão- disse Shorty.
-Isso mesmo, o Sertão. A questão é, somos fugitivos
agora, temos armas, e o mais importante de tudo, muito tempo livre.
Shorty transmitiu a mensagem. Ela nos olhou por
alguns segundos, pôs a filha no chão, e se ergueu novamente estalando o
pescoço. Disse algumas palavras em sua língua. Shorty suspirou.
-O que ela disse?
-Ela perguntou onde você está querendo chegar com
isso, e, francamente, eu também não sei.
Olhei para Pepé pela última vez. Pude sentir alguma
coisa vagamente crescendo dentro de mim. Em breve, eu não a veria mais.
Valorizar cada segundo de um pequeno encontro cujo
fim nos sabemos se aproximar é o jeito mais fácil de torná-lo memorável. Eu
preferi outra estratégia. Não valorizar o momento, mas saborear suas
possibilidades, e escolher a mais irresponsável, a mais impulsiva. Mergulhar de
cabeça na vida e socar o acaso no rosto. E, se possível, fazer o bem no meio do
caminho. É. Se fosse morrer, que fosse em nome da justiça, e de corrigir todas
as besteiras que eu tinha feito em nome da bandeira. Começando por aquela
mulher.
-Diga para ela- eu respirei fundo- diga para ela
que nós iremos até onde esses comunistas malditos estão, e iremos trazer de
volta o seu marido.
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