sábado, 8 de fevereiro de 2014

120 Horas em Lhassa - Parte III

3 horas, 16 minutos

O prédio branco que servia de sede aos representantes do Império Britânico era imponente e ao mesmo tempo era diferente de todo o resto da cidade, principalmente pela sua arquitetura bem cuidada, seus jardins preservados e pela bandeira imperial que tremulava sobre os portões.

- Milorde, os documentos estão prontos... - Disse um funcionário da embaixada ao chefe da missão, Lord Henry Ruborought III.

- Recebí ordens para eliminar qualquer vestígio de nosso envolvimento passado em qualquer ataque ou repressão ao povo desse país... - Falou o embaixador. - Prepare a lareira..

- O porque de toda essa preocupação, o exército Bukkara vai simplesmente suprimir esta revolta.. - Indagou o funcionário.

- Dessa vez é diferente, se o governo do grande Lama cair, não sabemos que ordem vai dominar a Ásia, e devemos estar preparados para assumir o controle caso as coisas saiam de controle...

2 horas e 7 minutos

Li parou ao lado dos caixotes e começou à andar em volta deles, sem que fosse perturbada pela multidão que estranhamente parecia fazer como que um cordão de isolamento em volta dos caixotes.
Pôs-se à procurar pelo microfone especial que ganhara quando começara à trabalhar como repórter. Não achou-o em lugar algum; sem dúvida, na correria, deve tê-lo dado à Tyuugai.
Saco... presa no meio dessa multidão, sem câmera, sem minha equipe... . Desconsolada, sentou-se em cima de um dos caixotes e escondeu o rosto com a mão.
A turba, assim como os monges, acharam estranha aquela atitude e o silêncio brevemente se fez, do qual se destacaram algumas vozes em tibetano dizendo para a moça bonita e maquiada deixar de ser tão tapada e sair dali.
Um dos monges cutucou suas costas com a suavidade de quem nunca antes viu uma mulher e disse para ela em chinês, "Moça, moça, você está constrangendo o nosso movimento. Por favor, se não for protestar saia do caixote"
O rosto de Li iluminou-se e ela virou-se para o monge. Era um sujeito magricela em seus vinte e poucos anos, de cabelo ralo e expressão séria.
-Então você fala chinês?- perguntou ela, com sua animação característica.
-Bom, sim... venho do Yunnan.
-O que me diz, bom senhor, de ME dar cobertura exclusiva da revolta?
-Se você diz... é de alguma rede de televisão?
-Isso mesmo, Canal 4.
-Certo... bom, você é mesmo a primeira repórter que aparece por aqui.
O monge voltou para os caixotes e conversou uma coisa ou duas com os outros monges, virando-se finalmente para Li e dizendo:
-Ok. Tem um gravador? 
-Bom... não, mas o meu parceiro estará de volta à qualquer momento! é sério!
-Está certo. Apenas não conte com sua exclusividade por muito tempo- o monge disse, esboçando um sorriso. 

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