quarta-feira, 13 de março de 2013

Loucademia de Polícia 7: Ou, como eu aprendi à parar de me preocupar e amar Herbert Richers

     As traduções brasileiras de filmes gringos(particularmente aqueles exibidos no SBT) já foram motivo de piadas feitas por tanta gente que fica difícil extrair algo novo de material tão velho. Sim, vocês já sabem que o narrador da Sessão da Tarde fala "turminha do barulho", "enrascada", "tiras" e outros termos que ninguém além da sua avó que mora em Goiás usa. Sim, vocês sabem que as bocas dos atores se fecham e as falas continuam. Sim, vocês sabem que eles tem só 10 dubladores que eles ficam revezando.
Dito isso, se me permitirem, eu gostaria de fazer mais uma queixa aos dubladores de filmes. 
Diz respeito aos títulos.
É, os títulos.
Não é o fato de eles soarem estranhos e usarem termos que ficam datados muito rápido (O clássico de terror Quadrilha de Sádicos provavelmente soava sensacionalista até na época. Eu imagino a "quadrilha de sádicos" como um grupo de capangas baixinhos que ajudava o Maníaco do Parque. Talvez como aqueles baixinhos amarelos de Meu Malvado Favorito).
Não.
É simplesmente o fato de eles serem desesperadamente, irrevogavelmente genéricos.
Eu queria dividir uma história com vocês. É sobre intrigas, amor, traição, guerra, e um filme chamado O Clube dos Cinco.
Na verdade, ignore as quatro primeiras coisas, porque essa história é só sobre o Clube dos Cinco mesmo. O Clube dos Cinco, pra quem não sabe, é um clássico do cinema para adolescentes dos anos 80, e um filme que eu quis ver durante anos.
Um belo dia, nosso professor de inglês resolveu passar um filme para a nossa sala. Ele não disse muito sobre o que era; disse apenas o título, The Breakfast Club. 
Eu decidi matar a aula, porque naquela época era um bípede relutante sem perspectiva de futuro. Quando, depois da aula, me contaram o argumento do filme, eu me interessei e procurei por ele na internet. Vi, eventualmente, seu nome original. 
Todo mundo que cresceu nos anos 80, e todos os que experimentaram o revival dos anos 80 que ocorreu entre 2008 e 2011 sabem como acaba essa história. O resto de vocês precisa ver mais filmes.
Sim, O Clube dos Cinco e The Breakfast Club são o mesmo filme. E, como não sou dado à essas coisas, posso admitir que essa história que contei foi uma ficção. Ei, ela não aconteceu, mas poderia ter acontecido, e isso é uma demonstração da escala do crime que eses tradutores perpetram contra nós.
Falando sério, a escala da preguiça desses tradutores me deixa exasperado. Recentemente, com toda a badalação do Ben Affleck, eu queria ver o seu filme anterior, a exploração da criminalidade de Boston conhecido como The Town. Descobri que, em português, o filme se chamava "Atração Perigosa", e, sim, já tinha visto ele passando várias vezes na televisão, mas por causa do título, sempre havia passado sem pestanejar. Afinal, você veria um filme chamado "Atração Perigosa"? Porra, o que isso quer dizer? Eu imagino duas pessoas com imãs no peito e as duas tem facas que apontam uma pra outra, e se elas se atraírem, morrem. Um título como "Atração Perigosa" não diz absolutamente nada sobre o filme. É a marca de que você não se importa com o seu trabalho. Pior de tudo, é a marca que eles não se importaram com seu trabalho duas vezes. Afinal, é um título muito parecido com um certo filme de 1987, chamado Atração Fatal. Eu tenho tempo pra ficar decorando essas coisas, graças à minha condição de universitário vagabundo, mas e uma mãe solteira de três filhos e número ainda maior de empregos? QUE PESSOA SEM UMA QUANTIDADE ABSURDA DE TEMPO LIVRE CONSEGUE DISTINGUIR AS DROGAS DESSES TÍTULOS?
Tem outros casos absurdos, como o seriado Os Gatões, que eu sempre confundi com o filme Gatinhas e Gatões, outro clássico dos anos 80 que sempre quis ver(Molly Ringwald, alguém ainda te ama). De fato, o auge dessa tendência de títulos toscos parece ter sido os anos 80 e 90, embora eu me pergunte se os títulos de hoje não vão ficar ainda mais datados e insossos no futuro do que os títulos de décadas passadas são hoje.
Mas não vou me demorar sobre esse assunto, afinal, já vai começar "Uma Turma Divertida", o apropriadamente divertido filme de baseball de 2005, no SBT.
Gostaria de agradecer à Billy Corgan e seus Smashing Pumpkins pela inspiração para o longo título desse artigo, com base em sua obra-prima, o álbum Mellon Collie And The Infinite Sadness. Vou dedicar também à ele meu próximo álbum, Maníaco do Parque e a Quadrilha de Sádicos.
Herbert Richers vive!
Sabe aquele cara que vai no bar, bebe umas, e começa à derramar filosofias bizarras pra quem quiser ouvir? Franco Alencastro é tipo isso, só que sem o álcool.


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