terça-feira, 19 de março de 2013

Trilha Sonora para a Infância do Homem

3.
Chega ele, pelado,
abaixo do galho
na floresta, no resto,
e tudo continua, nua
ela, ou ele? ambos
se espalham, paspalham.

4.
Dois paspalhos, dois galhos
de uma árvore, à ver ao redor
e um vê o mundo, em bela ordem, glória:
essa será sua história
serei do mundo, mas dele não viverei;
retirarei o necessário, sairei na chuva,
ficarei sob o raio, sofrerei em dezembro
morrerei em Maio, de fome,
e meu nome virará poeira,
comida no centro, na beira
serei o pó, serei poeira, serei comida
parte do fluxo constante da vida.

5.
O outro galho se encolheu, retorceu, e disse:
viver no mundo? Não! Viverei no Mundo,
viverei do mundo, e meu ele será.
Do Deus-dará, nada terei, o rei
das criaturas, grandes e diminutas
livre das agruras, escravo da luta
contra o mundo, guerra eterna
contra tudo, luto, só, só
solo solitário, sonho ancinhar o solo,
acidificá-lo, e assim ficar satisfeito,
erguer o mundo perfeito, feito além
das colinas, montanhas, montes, horizontes,
glaciares, planícies, homicídio, morte de tudo
todos iguais, todos servindo, indo e vindo,
ao sabor das estações, verde solo, vejo a
planta idêntica, aritmética, num projeto
reto, ereto, mestre do feto, mestre do mito,
em cada centímetro chega mais um, cabe mais um
unos na guerra, nas fileiras da fronteira, guerra à Terra
até o fim, findar a glória, vitória final: Nada sem fim, sim, 
similaridade, uniformidade, em todas as nações, ao sabor das estações.

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