quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Repensando a República.

Pois é galera, estamos naquela época do ano de novo, e eu não estou falando da primavera!(Até porque, quem, além do pessoal meio poético, e, digamos, granola, liga pra chegada da primavera?) Estou sim, falando daquela época que parece que deixa todo mundo animado, mas só me provoca uma profunda depressão e uma certa vergonha alheia.
E não, também não estou falando do Natal.
(Até porque, você esperava o que? Que eu falasse do Natal agora? Em Outubro? Depois eu que sou o apressado)
Estou falando das eleições.
É, aquelas eleições. As que todo mundo tá comentando.
Para aqueles que não sabem, seja porque vivem em uma ditadura sacana do Terceiro Mundo em que a palavra "eleição" não aparece no dicionário desde 1973, ou porque tem coisas melhores pra fazer na vida do que discutir sobre política com fakes mal-educados no Facebook, eu vou explicar o que são, exatamente, essas tais "eleições". As eleições são um festival de histeria coletiva que ocorrem uma vez à cada dois anos, histeria essa que dura de mais ou menos Julho até Outubro, e à cada semana cresce em um ritmo logarítmico, até chegar no nível de histeria que acomete as fãs do Luan Santana quando ele toca "Eu tô Apaixonado". Não, eu não vou dizer como eu sei disso.
Mas o pior das eleições não é a histeria, não. Bom, de certa forma, é, mas ela traz consigo coisinhas muito piores. O fato é, qualquer candidato, absolutamente QUALQUER candidato, vai ser eventualmente comparado à Hitler, Stálin, ou uma combinação dos dois, pois no final, é só uma questão de qual bigode é mais legal.
Esse extremismo é totalmente irreal porque, 1- cabelo facial daquele tipo já saiu de moda à muito, tempo, 2- O cara que quisesse, mesmo, se tornar um Hitler dificilmente se contentaria com uma posição medíocre como vereador ou Prefeito de São Gonçalo, e 3- a maioria dos políticos são, de fato, moderados, que só não moderam na hora de aumentar o próprio salário. Mas, como a maioria dos brasileiros, eles ficam no centro do espectro e querem mesmo é cumprir a droga do expediente e voltar pra casa com um cheque gordo, e não, sei lá, abrir uma gigantesca rede de campos de extermínio.
As eleições são como um vírus imprevisível e letal. Casais de namorados perfeitamente normais deixam de se ver, porque um vai votar no Serra, outro no Haddad. Os jantares de família viram um campo de batalha, amigos se tornam inimigos, e você descobre que aquele moleque detestável que joga D&D e fica grudando chiclete no seu cabelo vai votar no mesmo candidato que você, um fato que leva você à repensar toda a sua filosofia pessoal. As eleições podem atacar qualquer um à qualquer hora, e transformá-lo em um robô vomitador de chavões que já estavam batidos na década de 80.
Talvez o fenômeno mais infame das eleições seja o surgimento do politizado do ano par. Ora, o que é o politizado do ano par, você me pergunta? Veja bem, o que os anos 2000, 2002, 2006, e 2012 tem em comum? 1- são anos pares, 2- são anos de eleição. O "Politizado do Ano Par" geralmente está cagando pra política, e quer mesmo ir lá pra baladinha beber uma vodka que custa mais que a porra da minha casa, e posta, no Facebook, coisas como "Aff gerau flando dessa PORRA de corrupçao... NAO ENCHE #Mengo". Maaaaas, como num passe de mágica, converse com ele nesses três mágicos meses do ano par, e ele te dirá exatamente quais são suas preferências políticas, qual candidato escolherá, e PORQUE você deve concordar com ele(e é melhor concordar, pois eles te perseguirão de maneira implacável até você dizer "Ok, cara, eu vou votar no Freixo"... opa, não era pra ter dito isso.) Tudo, geralmente, baseado em informações que eles pegaram dos 30 segundos de propaganda política que passaram na televisãozinha do Táxi enquanto eles estavam presos no engarrafamento rumo á mais uma noitada de bebedeira.
Eu, que desde muito jovem, aprendi à ser politizado basicamente o tempo todo, até em anos ímpares, fico, como dizer... enojado com essa situação, e, assim como os cariocas da high-society das antigas que se refugiavam em seus chalés em Teresópolis ou Itaipava pra escapar do bacanal promíscuo-movido-à-música-ruim-e-cerveja-quente conhecido como Carnaval, nesses três longos meses eu me refugio em minha segura torre apolítica, ouvindo músicas nostálgicas de um passado recente e me recordando de uma época mais simples, em que as massas ignaras deixavam a política para membros da elite como eu, que podiam manipulá-la sem problemas. E sem essa porcaria de eleições à cada dois anos para atrapalhar.
Cara, como eu sinto falta do Médici. 
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Esse é o primeiro de dois textos que farei sobre as eleições de 2012. Ainda teremos a Parte VI de Lista de Chamada hoje de madrugada. Fiquem ligados!
Franco Alencastro é aquele tio que faz a piada do pavê.

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