domingo, 9 de dezembro de 2012

Lista de Chamada- Parte VIII

CENA 10/ INT. DIA, CORREDOR

(Um corte súbito para o rosto de ANNA, recostada na parede. Ela olha para baixo. Versões mais curtas desse shot fácil são feitas com todos os outros membros da gangue. Voltamos então para ANNA.)

                                                                         ANNA
                                                                (dando de ombros)
Bom, ta bom, ta bom, ele era mau. Mas o que isso significa? Só porque você é mau, você sai matando de repente? Isso não faz sentido.

                                                 (bebe de um copo de Matte com canudo)

Porque, afinal, envenenar pessoas que não tem nada à ver com ele?

                                                                            BOLA
                                                                        (para CAIO)
Pera, onde ela arranjou isso?

                                                                            VÍTOR

Talvez não devêssemos pensar tanto em causas agora. Temo que encarar os fatos. Tem um assassino à solta nessa escola. E a única coisa entre ele e nós é... Bom, nada.

PATRÍCIA
(duvidosa)
Você sugere então que a gente imagine o que ele vai fazer?

VÍTOR
Perfeito! Boa, Vandinha.

(PATRÍCIA olha para o lado, lacônica.)

VÍTOR
É nisso que temos que pensar. Qual seria o próximo passo dele?

BOLA
Po, sei lá. Tentar nos matar?

CAIO
(de repente fala, surpreendendo todo mundo)
Mas ele já não teria feito isso?

VÍTOR
(olha, impressionado)
Olha só, ele também tem opinião.

CAIO
Bom, ele não teria nos matado já se realmente quisesse? Afinal, ele matou o Felipe e o SUPERVISOR.

VÍTOR
(levanta o dedo e permanece em silêncio, com a boca aberta por um tempo, antes de falar)
Biscoitos.

CAIO
(levanta também o dedo e fica de boca aberta, mas logo abaixa o dedo e fica com um olhar confuso.)
Pera, oi?

ANNA
Uuuh, momento Monty Python.

VÍTOR
Deixa eu explicar. O Armando na verdade não nos matou, porque não tinha como faze-lo. Só o que ele tinha eram biscoitos envenenados, o que é engenhoso, mas não funcionou quando nenhum de nós comeu.

BOLA
Olha, raciocínio intrigante.

ANNA
É, ninguém esperava essa resolução espanhola.

(BOLA dá um olhar de desdém às referências infames.)

ANNA
Mas ele tem um ponto.

VÍTOR
(andando em direção à tela enquanto todos ficam atrás dele)
Então, se seguirmos esse raciocínio, ele deve ainda estar na escola, procurando um meio para nos matar. À. Todos.

BOLA
Brilhante! E... o que você propõe?

VÍTOR
(e então se virando)
Eu, ham... Não sei.

CAIO
Bom, eu sei de algo que podemos fazer.

(CAIO vira o rosto, e aponta-o para o telefone público na parede do corredor que, antes fosco, agora está nítido)

BOLA
(dando de ombros)
É, parece uma boa idéia.

PATRÍCIA
Foi a melhor até agora.

VÍTOR
Bom, isso é conveniente.

(As luzes subitamente se apagam.)

VÍTOR
Isso já não é.

BOLA
Mas que porra foi essa?

(silêncio)

CAIO
Acho que eu sei o que aconteceu.

(uma luz de celular ilumina parciamente o corredor. ANNA segura ele debaixo do queixo, fazendo aquela coisa com a lanterna supostamente assustadora)

ANNA
Uuuuuuuu.

VÍTOR
Bom, você disse, então, Caio?

CAIO
A energia caiu. À menos que isso tenha algo à ver com a chuva, isso quer dizer que ele cortou a energia, e que portanto ainda está aqui.

VÍTOR
Bom, mas o que fazemos agora?

PATRÍCIA
Eu sei onde ele pode estar.
 
ANNA
(ainda com o celular)
Ah, saco, nunca vamos encontrar esse cara, ou escapar daqui.

PATRÍCIA
Mas eu sei onde ele está.

ANNA
(entrando em desespero)
Vamos todos morrer! Fudeu! Sem eletricidade, sem celu... Pera, que?

PATRÍCIA
É, eu sei onde ele deve estar.

VÍTOR
Bom, onde?

PATRÍCIA
Se ele acabou de cortar a energia, deve estar perto da caixa de força. Fica perto da sala dos professores.

BOLA
Bom... Sala dos professores então?

VÍTOR
Acho que sim.

(Todos são filmados de perfil enquanto andam no corredor em direção à porta)

ANNA
Pera, mas não temos armas!
 
BOLA
Ah é, tenho muito medo daqueles biscoitos.

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