quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Retrospectiva dos anos 2000: do 11 de Setembro, ao 21 de Dezembro

Estamos naquela época do ano de novo. Ano novo, vida nova! Só não muda a musiquinha do especial da Globo.
Mas principalmente, é época das retrospectivas. Eu não sei quanto à vocês, mas eu adoro retrospectivas. Daqui à pouco, vão começar a aparecer as retrospectivas do ano 2012, que, salvo engano meu, é o ano em que estamos atualmente. Centenas de reportagens que vão insistentemente lembrar de como a Hebe Camargo e o Niemeyer morreram(porque à essa altura todo mundo já esqueceu do Hobsbawm e do Neil Armstrong), que o Obama foi reeleito, que a guerra da Síria não acabou, e nem a crise econômica mundial.
Pensando nisso, e já que todo mundo vai acabar escrevendo a mesma coisa, decidi fazer uma retrospectiva um pouco mais, como dizer... ambiciosa. Sim, vou fazer uma retrospectiva para cobrir todo o período que vai de 2000 à 2012, o que vai ser extremamente conveniente para quem entrou em coma em 1999 e só acordou agora.
Assim, abotoem os cintos. Vai ser uma viagem e tanto.

2000
O mundo não acabou, deixando muita gente decepcionada, e, passado o estouro de Champanhe da virada do milênio, o ano 2000 começa como já se esperava: com uma gigantesca ressaca. Metade dos programas foram dedicados à mostrar como todos aqueles autores do Século XIX tinham errado feio em dizer que neste Século todos teríamos guelras, a Terra seria coberta por uma única cidade e coisas assim.
O Brasil continua sofrendo com uma crise financeira sem precedentes, enquanto o Príncipe dos Sociólogos chega à níveis até então inexplorados de impopularidade. A crise vira ferida aberta quando o país vivencia um reality-show de horrores em 12 de Junho, quando um sobrevivente do infame massacre da Candelária sequestra um ônibus cheio de inocentes e recebe cobertura nacional, no momento mais triste da sociedade do espetáculo.
É um ano movimentado: aos gritos de "um outro mundo é possível", manifestantes queimam lojas do McDonald's, Palestinos jogam(de novo) pedras nos tanques Israelenses em um misto de estratégia de guerra desesperada e golpe publicitário, e os Estados Unidos da América, o país mais poderoso do mundo, fazem um facepalm coletivo quando descobrem que são incapazes de eleger um Presidente. Em um jogo de cara-ou-coroa, escolhem Bush II, imperador do Texas, para liderá-los. De forma alguma isso vai dar errado.
Já o México consegue uma vitória histórica, se livrando da carcomida e septuagenária "ditadura perfeita" do PRI e escolhendo um novo Presidente, Vicente Fox. 
A Internet sofre um revés, quando empresas até então indestrutíveis, como o Yahoo, passam à valer nadica de nada da noite pro dia, obliterando prematuramente o sonho de uma economia digital. O vírus ILOVEYOU contamina milhões de computadores no mundo todo, trazendo novas preocupações de terrorismo virtual. Mal sabiam eles que... bom, isso fica pro ano seguinte.

2001
A onda da anti-globalização continua e chega à seu auge, quando intelectuais e pé-rapados do mundo todo se reunem em Porto Alegre para... bom, não muita coisa na verdade. 
A estética do videogame invade a cultura pop, com o assustador fotorealismo de Final Fantasy e o corpo bem-torneado de Angelina Jolie em Tom Raider. Mas é a fantasia que triunfa no final, com as aventuras de um grupo de hobbits caminhando rumo à um vulcão e um jovem garoto de óculos e cicatriz em forma de raio dominando o faturamento e garantindo o domínio do gênero pelos próximos anos. A estética da década- aséptica, branca, de linhas simples- é lançada pela Apple, com o seu produto de sucesso, o Ipod.
O Brasil continua sofrendo. Sai o show de horrores e entra um longo racionamento de energia que vira um pé-no-saco para a maioria dos brasileiros, conhecido hoje como "Apagão", embora não fosse realmente um apagão.
E, como esquecer, o mundo ganha um vilão, estampado na capa de todos os jornais do mundo: o saudita Osama Bin Laden, que, em um dia de infâmia, atacou o centro nervoso da América, as Torres Gêmeas de Nova Iorque, cravando a primeira estaca na até então indestrutível hegemonia americana e iniciando um novo capítulo na Era da Violência.

2002
Dadinho é o caralho, meu nome agora é Zé Pequeno, porra!  Com essas palavras, o cinema brasileiro se torna a coisa mais quente desde o pão fatiado, na forma do mega-sucesso "Cidade de Deus" de Fernando Meirelles.
O ano é de fato memorável para o Brasil: Não só o nosso cinema conquista novas paragens, nossos 11 melhores guerreiros são enviados para as terras do Oriente e lá conquistam uma taça dourada, a quinta na história do País. Sim, sabichão, estou falando do Penta. Milhares de crianças copiaram aquele penteado escroto do Ronaldo e Galvão Bueno nos fez piscar as luzes de noite para ver quem estava assistindo os jogos, transformando o Brasil em um tapete de estrelas piscantes- embora isso talvez fosse efeito do apagão.
Esse é também ano de eleição, e, como todo bom brasileiro que não desiste nunca, Lula se candidata pela 4a vez. E dessa vez, leva, para desespero de José Serra e dos mercados financeiros, que fazem as malas e tiram seus capitais do Brasil, aumentando a já dramática crise financeira. Pelo menos não estávamos tão instáveis quanto a Venezuela, que sofreu um golpe de Estado que quase pôs fim à experiência chavista.
Nesse ano, descobrimos como trancar uma dúzia de pessoas jovens e atraentes em uma casa cheia de câmeras pode ser fascinante. Bom, eu não descobri, porque até hoje, dez anos depois, não assisti o tal do Big Brother Brasil, mas a maioria do país foi capturado por ele, e, fazer o quê? Se tornou um fenômeno. 

2003
Lula toma posse, e as esperanças de quem queria um socialismo tupiniquim são rapidamente esmagadas quando o governo entra numa fase de "mais do mesmo".
A cruzada de George W. Bush contra o "Eixo do Mal" iniciada no Afeganistão em 2001, continua na nova etapa de sua turnê, o Iraque; o resultado são milhares de pessoas nas ruas de todo o mundo, numa demonstração de solidariedade e contra a escalada da insanidade. O confronto entre o bem e o mal também chega à um clímax nas telas, com a estréia do final da trilogia O Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei. De fato, esse foi o ano das sagas, com não só a trilogia dos hobbits carinhosos chegando ao fim, mas também o aventuresco Piratas do Caribe, o ambicioso Kill Bill(lançado em duas partes nesse ano) e as duas sequências do clássico de ficção-científica, além de meu filme favorito, Matrix. Mas o maior inimigo do ano (além do onipresente Bin Laden) não teve rosto: foi a epidemia de SARS, que espalhou o medo pelo mundo e fez todo mundo(bom, todos os asiáticos, se nos guiarmos pelas fotos da época) usarem máscaras.

2004
Os anos 2000 e a era digital começam finalmente no Brasil, com o lançamento da rede social favorita de todos... até 2009. Sim, a rotatividade na Internet é grande. Estou falando de nada menos que o Orkut, que, passada a confusão dos americanos com a "Crazy Brazilian Invasion", que foi como ela entrou para a história, se tornou um site quase que exclusivamente brasileiro, e ajudou a moldar a cultura digital do Brasil. Nas rádios, o indie-rock chegava ao auge, com bandas como Franz Ferdinand e The Killers trazendo ao mundo seu som chato, muito chato.
Enquanto Pitty se esgoelava contra o conformismo e Lost deixava milhares de telespectadores no mundo confusos e eventualmente insatisfeitos, a Al-Qaeda tentava se superar atacando o metrô de Madri, nocauteando a Espanha para fora da Guerra do Iraque. George Bush nem ligou, e surfou para uma vitória fácil nas eleições presidenciais, garantindo mais quatro anos enquanto Ronal Reagan deixava esse mundo e, na maior tragédia da década, uma onda de proporções bíblicas devastou a região mais populosa do globo, aniquilando tudo à sua frente, fazendo um país desaparecer do mapa por um dia e atingindo tanto os turistas quanto a população local. Tudo isso um dia após o Natal. Que forma de fechar o ano.

2005
Tudo começou com o vídeo de um funcionário dos correios recebendo um maço gordo de notas como quem aceita um cafezinho. Não parou por aí. As denúncias, traições e vazamentos continuaram crescendo, formando uma bola de neve como poucas vezes se viu no Brasil(na verdade, nunca se viu, porque aqui não tem neve). Em pouco tempo estava descoberta a maior falcatrua da década: o Escândalo do Mensalão, como foi chamado, sacudiu as bases(e a base) do governo petista, ameaçando aé o até então imaculado Lula. Os 300 picaretas podem até não ter ido para a vala, mas mesmo assim, e talvez por isso, o relacionamento dos brasileiros com a política nunca mais foi o mesmo.
A Al-Qaeda ataca novamente, dessa vez em Londres, resultando na morte deliberada de civis e na morte não-tão deliberada de um brasileiro nas mãos da polícia Londrina.
No Brasil, nos despediamos da VASP, e, pouco depois, o mundo se despedia do Papa João Paulo II, rapidamente substituído por um Sith pouco amigável.
Algo que, inicialmente, não atraiu muita atenção, mas depois passou à ter um impacto enorme foi a criação de um site que tornava muito mais fácil botar vídeos na internet e, claro, assistí-los. Estou falando do Youtube, na época em que ainda era preciso ir beber um copo d'àgua para esperar um vídeo carregar.

2006
OMG WE'RE IN SPACE! Foi o que milhões de brasileiros pensaram quando Marcos Pontes acenou do topo da abóboda celeste para nós, meros terráqueos, se tornando o primeiro astronauta brasileiro(mas não o primeiro astronauta do Brasil, já que, como todos convenientemente esquecem, ele voou em uma nave russa). Isso permite atenuar nossas mágoas por perder vergonhosamente a Copa do Mundo, mas isso também é anulado no final do ano, com o gigantesco perrengue que veio na forma da crise aérea brasileiro, fazendo com que milhares de brasileiros perdesem seus vôos por dias. Apesar do escândalo do Mensalão, Lula é reeleito, o que comprova mais uma vez minha tese de que, em ano que o Brasil perde a Copa, o Presidente se reelege, algo que acontece convenientemente desde 1994, pelos dois eventos acontecerem sempre no mesmo ano. A Itália disse adeus à Silvio Berlusconi (mas não por muito tempo; como todo vilão de opereta, ele ainda tinha não uma carta, mas um deck inteiro na manga). Sérvia e Montenegro se separaram durante a Copa do Mundo, fazendo com que o time fosse dividido em dois. Como o número de jogadores era ímpar, o goleiro foi fuzilado para não causar problemas.
Hugo Chávez chega ao auge com uma retumbante vitória eleitoral de 61% na Venezuela, e o socialismo se espalha na América Latina, com a vitória de Evo Morales na Bolívia, consagrada com um infame confisco das refinarias da Petrobrás. Novas estrelas vermelhas sobem ao céu, outras se apagam: Fidel Castro renuncia em favor de seu irmão, Raul.
O sul-coreano e notório fracote Ban Ki-Moon substitui o sósia de Morgan Freeman na direção da ONU, mas ninguém liga, pois estão todos discutindo se o Playstation 3, o Wii ou o Xbox 360 são os melhores, e porque a ONU não é realmente importante.
Finalmente, chega a um fim simbólico um capítulo da década: a Guerra ao Terror, com a execução de Saddam Hussein, sujo e barbado, no último dia do ano.

2007
A menina Madeleine desaparece em Portugal e o menino João Hélio é cruelmente assassinado no Rio de Janeiro, criando um debate sobre a pena de morte e a maioridade penal.
Após o fiasco da crise aérea, a Varig vai à falência; A TAM tenta superá-la em tosquice, sendo protagonista de um acidente no aeroporto de Congonhas(que, como a mídia insistentemente nos lembrou, ocorreu por falta de grooving) que matou 186 pessoas.
O mundo se encanta com o Iphone; já eu preferi o Planeta Gliese 581c(ainda precisam de um nome melhor) que foi considerado capaz de receber vida na mesma escala que a Terra.
Por algum motivo, decidiram também que seria uma boa escolher as novas 7 maravilhas do mundo. O Brasil vibra quando o Cristo Redentor é escolhido, não sem a ajuda de uma virulenta campanha pela internet, que começa à demonstrar seu poder no país. Além de uma maravilha, o país ganha um santo: o Frei Galvão é escolhido pelo Papa Bento XVI como primeiro Santo do Brasil.
Finalmente, o ano termina em uma nota triste quando Benazir Butto, primeira-ministra do Paquistão, é assassinada, em mais um sinal da escalada da violência naquele país.

2008
O estouro do preço dos alimentos e do petróleo é o primeiro sinal da crise que virá no final do ano e se alastrará pelo mundo com uma velocidade poucas vezes antes vista. Não tem jeito mesmo: 2008 será sempre o ano da crise financeira, como 1929 antes dele.
A crise, que chega em Setembro, traz o colapso dos bancos Lehman Brothers, Goldman Sachs e vários outros com nomes estranhos; dá um empurrão na vitória de Barack Obama, primeiro presidente negro dos EUA, enterrando de vez a triste e longa Era Bush. Joga Bernie Madoff, o maior escroque da história, na cadeia. É, a crise tem suas vantagens, ainda que no Brasil, tenha sido apenas uma marolinha, provocada por homens brancos, de olhos azuis.
É também um ano repleto de geopolítica maquiavélica: enquanto os EUA começam a construção de um escudo anti-mísseis na Europa Oriental para prejudicar a Rússia, o Kosovo se torna independente, enfraquecendo ainda mais a Sérvia, aliada da Rússia, que, para não parecer fraca, invade a Geórgia em plena Olimpíada de Pequim, um grande momento de propaganda para a sexagenária ditadura 'comunista' chinesa. Mas, apesar de todos os esforços, quem conquista o coração do mundo é Michael Phelps, o anfíbio nadador americano.
Bolivianos brancos e capitalistas de Santa Cruz tentam se separar dos Bolivianos indígenas e socialistas de La Paz. Um estranho austríaco, foi descoberto, escondia a sua filha no porão, e com ela fazia mais filhas. Os chineses, chegando ao topo do quadro de medalhas, tem que lidar com uma tropa de desobedientes monges carecas com uma tendência à se imolar. Descobre-se que um simpático e barbudo autor de livros de auto-ajuda esotéricos é na verdade um nada simpático e nada barbudo general sérvio genocida. Heath Ledger deixa o mundo na hora certa, entregando ao mundo o seu melhor papel, no clássico instantâneo que melhor encapsula a Era do Terror e os dilemas de uma sociedade democrática confrontada com o caos, O Cavaleiro das Trevas. O belo Wall-E também é abraçado pelo público, e suas imagens de poluição desconcertante e um futuro pasteurizado habitado por ianques gelatinosos sem espinha ressoa em um momento em que toda a estrutura capitalista parece desmoronar pelo mundo. É hora de recomeçar.

2009
O ano abre com pesadas manifestações da Grécia, no primeiro sinal do caos dos anos que viriam; a juventude está cansada da classe política corrupta e dos banqueiros que lhes atormentam. Mas a Grécia ainda está longe dos holofotes; quem ganha o mundo e é rapidamente esquecida é uma pequena ilha do Atlântico Norte, que deveria ser coberta de gelo mas não é, e que, após perceber que sua dívida era 6 vezes superior ao seu PIB, dá um calote, derruba o governo e expulsa toda a classe política, criando um momento único em que toda a população ajuda a escrever a Constituição.
O mundo continua em polvorosa, à deriva, ainda por definir. A China continua sua escalada, supera a Alemanha e se torna a 3a maior economia. Esta última, por sua vez, aumenta seu poder sobre a Europa e suas dívidas. Angela Merkel, Chanceler de ferro, ou testa de ferro? Só o tempo dirá.
A internet consegue montar sua primeira revolução, quando parte da população se insurge contra a roubada eleitoral do governo de Mahmoud Ahmadinejad, no Irã, no que foi apelidado de Revolução Verde(ei, a Índia quer seus direitos autorais), que contou com uma pesada mobilização pelo Twitter. Não seria a última vez que isso aconteceria.
Um avião da Air France cai no mar em circunstâncias misteriosas, e, em outro canto do Oceano Atlântico, uma ilha é acolhida nos braços da América após meio século de banimento. Enquanto isso, outro país se encontra isolado, por um pequeno detalhe, conhecido como golpe de Estado. O Brasil protagoniza um momento infame da diplomacia, acolhendo o presidente deposto em sua embaixada for shits and giggles.
Enquanto a democracia morre em Honduras, morre também um ícone de todos os gêneros: branco, negro, homem, mulher, com Michael Jackson, não tem pra ninguém. O mundo todo rapidamente esquece das loucuras da supostamente transsexual Lady Gaga para lembrar de sucessos como Beat It, mas dura pouco, e ao final todos já haviam voltado com seus "Roma, Roma-mas". 
Foi um ano muito feliz para mim, porque graças à epidemia de gripe suína, ganhei duas semanas de férias. Dedico estas férias à todas as pessoas que morreram de gripe suína, e à todos que se ofenderão com essa piada.

2010
O Haiti foi devastado por um terremoto, provando mais uma vez que, se você estiver fudido, a vida sempre vai arranjar um jeito de te fuder mais.
Avatar, lançado no finalzinho do ano anterior, se torna um fenômeno, superando Titanic (também do diretor James Cameron) e se tornando o maior filme da história, para não dizer da década. Por 'maior' entenda-se com maior arrecadação monetária., já que essa é obviamente a única maneira de avaliar o mérito artístico. O filme lança a moda do 3D, inflando o preço dos ingressos de cinema e deixando todos fascinados com a natureza digital em formato widescreen da belíssima Pandora e seus esguios smurfs felinos.
Tentando repetir o sucesso da Revolução Verde, adolescentes se insurgem pelo Twitter contra o maxioligarca José Sarney, com a campanha "Fora Sarney, que é um sucesso na internet, mas nem tanto na vida real, não conseguindo empolgar as pessoas à deixar as suas casas.
Mais uma vez, é ano de Copa, e mais uma vez, o Brasil perde miseravelmente, e mais uma vez, a candidata da situação(opa, mudança, dessa vez é uma mulher; ela até gosta de ser chamada de Presidenta) vence as eleições, o que, mais uma vez, leva à acusações de que os nordestinos não sabem votar. A poeira baixou bem rápido, mas algumas coisas da Copa ficaram para sempre, e alguns termos entraram em nosso vocabulário, como "Waka-Waka, eh eh", o sonoro "Jabulani " e as infelizmente onipresentes "Vuvuzelas".
É um ano de atividade sísmica intensa, o que até hoje me faz acreditar em conspiração. Um terremoto destroça o Haiti, outro, logo depois, o Chile, e um vulcão de nome impronunciável entra em erupção na Islândia, irritando muita gente. 
Adicionando ao estranho clima conspiratório, o presidente da Polônia morre quando seu avião cai em uma floresta. Esse clima é acirrado no final do ano quando um australiano andrógino de cabelos brancos, apesar da juventude, ganha o mundo. Julian Assange vira o mundo da diplomacia de ponta-cabeça, com suas 250 mil 'denúncias' na forma de cables diplomáticos vazados para seu site, o Wikileaks. Subitamente, os governos do mundo parecem muitos mais frágeis, algo que teria sérios efeitos nos acontecimentos do ano seguinte...

2011
O ano. Bom, talvez seja um exagero, quer dizer, teve alguns anos importantes antes, mas cacete, que ano. Ele abre com nada mais, nada menos que uma revolução na Tunísia, iniciada com a auto-imolação de um feirante no ano anterior. A onda revolucionária logo se espalha para o Egito, que, em uma revolução pacífica, derruba o sultão Hosni Mubarak, O Corrupto.
Líbia, Jordânia, Argélia, Marrocos, Espanha, Grécia, Itália, Síria... o mundo subitamente pegou fogo. Tudo começa à girar mais rápido. Na meca do capitalismo, Nova Iorque, os jovens excluídos do mercado de trabalho e da economia de consumo realizam uma inusitada revolta, o Occupy Wall Street, que expõe a escala da fratura social provocada pelas desigualdades na América de Obama, onde os banqueiros recebem resgates milionários enquanto a população empobrece. O ultra-conservador Tea Party de um lado, o ultra-esquerdista OWS de um outro, a América se prepara para um embate, e as eleições se aproximam.
A rebeldia se espalha pelo mundo e jovens com máscaras de Guy Fawkes montam tendas em qualquer praça que encontram.
O governo Dilma começa em grande estilo, com a demissão de 7 ministros, dando o tom do novo governo: duro com a corrupção e capaz de dar respostas rápidas.
Como que sinalizando o fim do velho mundo, várias mentes epersonalidades nos deixam: Vaclav Havel, Christopher Hitchens, Kim Jong Il, Muammar Kadaffi(ou seria Gadaffi? Ou seria Al-Gadafhy? Ou...) até, sim, Amy Winehouse, José Alencar e Itamar Franco, meu xará. Mas a morte definitiva do ano é sem dúvida a de Osama Bin Laden, nas mãos do Seal Team Six, que, eu diria, conclui a década de 2000, aberta por ele 10 anos antes e da qual ele havia sido talvez o maior símbolo.

E 2012, como fica?
Talvez para sempre lembrado como o ano do apocalipse fail, 2012 foi também um ano interessante. Quem imaginava que Barack Obama seria reeleito, após a montanha de críticas acumuladas à ele? Quem diria que Chávez conseguiria de novo, e que Fernando Lugo iria pra vala, e que haveria um novo golpe na América Latina? Quem imaginava que o Dubstep seria abraçado pelos ouvintes do mundo? Que as Spice Girls voltariam durante as Olimpíadas de Londres, e, principalmente, que as Olimpíadas de Londres fossem ser o inesquecível e colorido festival de autodepreciação que foram? Que mandaríamos um robô para Marte, e que um homem pularia do espaço, e o vídeo de um coreano gorducho dançando em um cavalo invisível fosse acumular 1 bilhão de visualizações?
Eu, sem dúvida, não. Só o que eu sabia é que o mundo não iria acabar.
(Ganhei dez reais nessa aposta)
Então, um feliz 2013, um feliz recomeço civilizacional, um feliz realinhamento, uma feliz mudança de paradigma, breve, como os hippies cantavam, uma feliz Era de Aquários à todos vocês!

Franco Alencastro vai assistir o filme "2012" no primeiro dia de 2013, só pra dar umas risadas.







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