domingo, 6 de julho de 2014

120 horas em Lhassa - Parte IX

13 horas, 26 minutos

Na sala de reuniões da base de Karamcharai, vizinha da base aérea de Ogan, as discussões estavam sendo feitas em murmúrios. À qualquer momento, o Ministro da Guerra iria chegar, para falar de um assunto importante.
A porta bateu, e todos olharam para trás. O Ministro entrava, dando passos largos, e gritando no caminho.
-É UM ABSURDO! VOCÊS VIRAM O QUE FIZERAM NA PRAÇA CENTRAL? VIRAM?! VIRAM?!
Todos já sabiam , mas não disseram nada com medo de soarem grosseiros.
-FICARAM PELADOS! ESTÁ TODO MUNDO FICANDO PELADO EM FRENTE AO PALÁCIO POTALA! Isso precisa acabar.
Um criado andou até Gyatso, carregando uma bandeja com um copo d’ água. Os assessores tentavam fazer sinais discretos dizendo para ele que não era uma boa idéia.
Gyatso bebeu três goles do copo d’ água e olhou por alguns segundos para o criado. Então jogou o copo em sua cara, espatifando-o, e arrancou a bandeja das mãos do criado, usando-a para bater em sua cabeça.
Vários gritos de protesto se elevaram na sala.
-Calados, vadias!- disse Gyatso, e os técnicos se calaram.-É o seguinte: eu já agüentei aqueles manifestantes por tempo demais.-Apontou para um técnico que ainda continuava digitando.-Você! - O homem virou-se para ele, temeroso das conseqüências.-Precisamos evitar baixas nossas à todo custo. Preciso que chame a 12a Companhia de Artilharia do Coronel Baatarsaikh. Ela deve se posicionar no Promontório Sereno, que tem uma vista de toda a Praça, e, à minhas ordens... Atirar.
O técnico olhou para o telefone do seu lado.
-Vamos, ligue- disse Gyatso.

O técnico relutantemente tirou o telefone do gancho e discou o número do Coronel Baatarsaikh, sabendo que estava condenando milhares à morte. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário