domingo, 6 de julho de 2014

120 horas em Lhassa - Parte XXIII (avec l'aide de L.L.A.)

26 horas, 39 minutos

Morsman Gunteusam do Clã Albe acabara de se formar em tecnologia da comunicação pela universidade de Teutenagari, e o que ele ganhou de seu pai? Uma viagem de mochileiro que ele sempre quis fazer. Viajar o mundo por um ano, antes de começar a trabalhar nas empresas do Clã.

Morsman tem 22 anos, 1,86m de altura. Sua aparência grandalhona e truculenta de teute contrastava com seu jeito atrapalhado e empolgado. Dotado da irritante mania de arrumar os óculos com o dedo mindinho constantemente.

Só que como nem tudo são flores, Morsman se encontrava em Bukkara, mais precisamente em Lhassa, no fatídico dia das revoltas.

O Albergue estava gritantemente vazio, já não haviam muitos turistas estrangeiros, a maioria era formada de viajantes de outras partes de Bukkara que passavam pela capital. Quando as revoltas começaram a maior parte desapareceu, restando somente Heydar, um mercador bukkara de etnia Azeris com uns 45 anos e um bigodinho aparado ridículo em forma de retângulo, que só ficara, pois como Morsman, não tinha para onde ir.

Naquele dia Heydar havia saído do albergue com o que tinha, na esperança de fazer algum dinheiro vendendo as mercadoria. A final, com toda esta confusão, deveriam estar precisando de suprimentos.

Morsman ficou em sua cama, mas o tempo passou e Heydar não voltava, Morsman resolveu sair, foi para a rua comercial mais próxima chamada Pah´Djé.

Após procurar alguns minutos, Morsman logo viu a bagunça, a rua parecia ter sido saqueada durante o apagão. Logo a frente envolto em escombros do que outrora foi uma loja, encontrava-se Heydar semi inconsciente, sem seus pertences e sangrando.

Morsman não falava muito de Bukara, além das típicas frases de turista, mas dadas as circunstâncias, seus gestos dispensavam as palavras. Com parte de sua camisa fez uma atadura para parar o sangramento e quando já estava carregando Heydar nas costas, viu um grupo de jovens Bukaras armados de paus e carregando coisas, claramente vândalos.


Morsman carregando um ferido e sozinho contra aquele grupo não tinha muita chance, quando um do grupo aponto para eles e gritou algo em um dialeto bukkara.

-Não vão te pegar, Heydar!- Disse Morsman pegando um pedaço de pau com pregos que estava no chão.

O grupo disparou para cima de Morsman que se colocava a frente de Heydar que já mais consciente gritava algo que Morsman não entendia. O grupo devia ser formado por 7 a 8 Bukkaras de uns 17 anos, que apesar de terem quase um metro e meio, não davam muita chance a Morsman dada a proporção numérica.

O Primeiro chega e Morsman o acerta com o pau que com os pregos, fica cravado no bukkara que cai ao chão inconsciente, os outros recuam e entram numa loja. Morsman com o coração em disparada pega Heydar julgando ser essa a chance de escapar, quando olha para trás e vê o grupo voltar armado com facas e um que parecia ter um revolver.

-Quer Saber Heydar? Linha 7 do Bukarta : “Perder uma batalha para ganhar uma guerra não é uma derrota.” Pernas pra que te quero!- Disse Morsman saindo em disparada carregando Heydar sobre os ombros como um saco de café.

Morsman escuta um zumbido passar perto de sua orelha, claramente um tiro. Seu coração acelera, seu corpo gela. Morsman não era um atleta, já começara a sentir o cansaço de correr carregando um homem adulto por três quarteirões, ate que ao virar a esquina dá de cara com um homem encapuzado vestido de amarelo, sendo que não era possível ver seu rosto.

-Fique quieto rapaz! Deixe eu fazer o que sei fazer de melhor! E o que eu sei fazer de melhor, não é bonito!- Disse o homem encapuzado em teute, o que foi surpreendente devida a circunstâncias.

O Homem encapuzado tira de dentro de seu manto um revolver e calmamente mira e atira no vândalo que estava atirando, o qual cai ao chão como um saco de areia. Em seguida ele guarda o revolver e desembainha uma espada, os membros restantes gangue ao ver o companheiro caído morto ao chão, saem em disparada.

O homem de capuz se vira para ir embora sem dizer nada.
-Senhor! Obrigado! Por favor, este homem está muito ferido, precisamos de um médico!- Disse Morsman.

-Nem tente levá-lo aos hospitais garoto! Depois do blecaute estão todos uma bagunça! Venha comigo até a Praça Central! Venha comigo! Conheço alguns monges que podem ajudar!- Disse o homem novamente em teute.

Após andarem algum tempo, Morsman não se agüenta mais de curiosidade sobre o estranho.

-Como o senhor fala teute?- Perguntou Morsman.

-Eu aprendi!- Disse o homem secamente.

-Foi muita coincidência esbarrarmos com o senhor!- Disse Morsman feliz, tentando puxar assunto.


-Não existem coincidências, garoto!- Disse o homem do capuz.

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