domingo, 6 de julho de 2014

120 horas em Lhassa - Parte XVIII

24 horas, 25 minutos

-E então, onde exatamente está o tal de Chimid?
-Ele está lá perto dos caixotes. Digam-me, por que desejam vê-lo?
-Ah, sou repórter do Canal 4.
-E eu sou o cameraman dela.
O soldado parou um instante e olhou para Li, com sua roupa meio-pijama, meio-tailleur amassado. Repórter. Certo.
Depois de uma longa caminhada, finalmente avistaram os caixotes e do lado deles, um enorme caminhão do exército.
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O sol começava à nascer em Bukkara mas já havia chegado faz tempo no Promontório Sereno, onde a nuca careca de Zheng Gyatso já estava vermelha como a túnica de um monge.
Os gritos da multidão continuavam e sua cabeça estava cada vez mais dolorida.
Atacar ou não atacar? Se atacar, tenho uma chance de me livrar deles e ganhar o amor do Dalai Lama. Mas nada os impede de entrar no Palácio mesmo assim- seus números são muito superiores, e as chances de eu mesmo ir parar no cadafalso logo depois são enormes. Mas se não atacar, não quero nem pensar no que o velho Tenzin vai fazer com meu couro.
-Tenente!
-Sim Senhor General, Senhor!
-A munição já chegou?
-Não senhor, o blecaute ainda não foi resolvido.
-Certo... Certo.
Talvez Chimid não fosse tão ruim. Já ouvira falar bem dele; que era um cavalheiro, sempre disposto à dialogar- um dos oficiais mais respeitados pelos subalternos em todo o Exército. E, é claro, um pouco de diálogo não faria mal.
-Tenente!
-Sim?

-Prepare meu jipe. Eu vou descer. 

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