26 horas, 26 minutos
O Dalai Lama acordou de um breve cochilo quando ouviu o
barulho de uma mão batendo na pesada porta de cobre desgastado.
-Entre, entre, por favor.
A porta se abriu e Dao Rinpoche entrou, curvando-se e
tentando andar ao mesmo tempo, o que o dava um ar meio patético.
-Vossa Santidade, a missão foi cumprida- disse em um tom
de voz que beirava o respeitoso e ainda assim não chegava à sê-lo, causando um
efeito estranho.
-Que ótimo. Guardas, levem ele.
Rinpoche levantou a cabeça.
-Perdão, senhor?
Nesse momento, dois guardas que estavam sentados ao lado
do Dalai Lama se levantaram e agilmente agarraram Rinpoche pelos braços.
-Espere! Espere! O que está acontecendo?
-Sua incompetência quase arruinou esta grande nação, Rinpoche.
Se não fosse você, o plano de mandar bombardear a praça teria sido um sucesso.
É tarde para remediar, mas não para puní-lo.
-ESPERE! ESPERE! O QUE VÃO FAZER? SEU... SEU CORNO! VOCÊ
NÃO PODE ME JULGAR! APENAS O KARMA JULGA!
O Dalai Lama se ergueu, e ficando sério, pronunciou,
tonitruante:
-Karma? Você não entendeu nada. Eu sou o Karma, Rinpoche.
pra todos os efeitos, eu sou até Buddha. Se você não entendeu isso, a resposta
estará no pé dessa montanha.
-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
Rinpoche agitou-se freneticamente enquanto era arrastado
pelo saguão até ser levado para um vão íngreme que se abria sobre a imensidão
dos Himalaias. Os soldados, sem a menor cerimônia, jogaram o velho ministro
montanha abaixo, e seu grito rasgou o silêncio imortal da montanha até ser engolido
por ele.
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